Café arábica tem acomodação em NY e robusta volta a altas recordes em Londres

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    Porto Alegre, 26 de abril de 2024 – Os preços do café arábica recuaram no balanço semanal na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional. Mas, para o robusta na Bolsa de Londres, o mercado seguiu muito firme e atingiu novos patamares recordes de alta. O arábica acomodou-se mais entre 220 e 230 centavos de dólar por libra-peso, e o robusta em Londres estabeleceu-se bem acima de US$ 4.300 a tonelada. No Brasil, o mercado físico teve baixa para o arábica, seguindo NY, enquanto o conilon acompanhou a subida do robusta em Londres.

Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o mercado permanece atento às condições climáticas na Ásia e à chegada do novo café no Brasil. Na Ásia, a preocupação persiste com o clima seco e o potencial da próxima safra do Vietnã. Ele coloca que, além disso, o atraso no início da colheita na Indonésia intensifica a sensação de restrição na oferta.

“Uma quebra na próxima safra do Vietnã resultaria em outro ano de déficit na oferta de robusta. A solução seria a incorporação nos blends de café arábica, mas essa transição não está ocorrendo tão rapidamente quanto o esperado, causando estresse no abastecimento”, diz Barabach. Consequentemente, avalia o consultor, o café robusta está em uma tendência de alta, alcançando novas máximas para a posição julho/24, chegando a ser negociado a US$ 4.338 a tonelada no mercado de Londres, equivalente a 196,77 centavos por libra-peso. “Este preço se aproxima do arábica de mesmo vencimento em NY, que atingiu a máxima de 231,85 centavos. A arbitragem NY/Londres está em torno de 35 centavos, indicando uma valorização do robusta em relação ao arábica”, destaca.

No Brasil, comenta o consultor, os primeiros movimentos da safra 2024/25 são lentos, não trazendo alívio ao abastecimento. A colheita de conilon/robusta está progredindo devagar e está abaixo de 5% no Espírito Santo, o principal estado produtor. Os primeiros resultados apontam para um rendimento abaixo do esperado, aumentando as indicações de que a safra brasileira de canéfora pode ficar aquém das expectativas iniciais, com riscos de algumas regiões produzirem menos do que no ano anterior. “Vale ressaltar que a amostragem inicial é limitada e superficial, sendo necessário aguardar mais tempo para uma avaliação mais precisa da situação. No entanto, esses sinais iniciais intensificam as preocupações com o abastecimento e favorecem a alta nos preços”, indica.

Barabach coloca que o cenário de clima adverso no Vietnã e a demora na chegada do novo café no Brasil e na Indonésia mantêm a sensação de aperto na oferta, sustentando boa parte da recente valorização dos preços do café no mercado internacional. “Embora o mercado pareça excessivamente esticado, uma alteração significativa na curva de preços para baixo exigirá confirmações de mudança no cenário de abastecimento, como o retorno das chuvas no Vietnã ou a entrada de novas safras de café do Brasil e da Indonésia no mercado. A expectativa é que essas safras ganhem maior visibilidade a partir do próximo mês de maio. Em todo caso, os produtores têm aproveitado o bom momento, especialmente os vendedores de café arábica”, avalia.

No balanço semanal na Bolsa de Nova York, entre as quintas-feiras 18 e 25 de abril, os preços no contrato julho recuaram 1,3%, passando de 231,10 para 228,10 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 1,3%. Em Londres, no mesmo comparativo, o contrato julho subiu 6,0%.

O mercado físico brasileiro de café seguiu as bolsas. O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais recuou nos últimos sete dias (até esta quinta-feira, 25) de R$ 1.295,00 para R$ 1.280,00 a saca na base de compra, baixa de 1,1%. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, no mesmo comparativo, avançou de R$ 1.135,00 para R$ 1.175,00 a saca, elevação de 3,5%.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News

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