Porto Alegre, 15 de abril de 2025 – A cadeia produtiva do biodiesel segue operando em meio a um cenário de incertezas depois que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou por tempo indeterminado o aumento da mistura ao diesel. “Até março o mercado estava feliz, contando com o aumento no blend de 14% para 15%, conforme previa a lei Combustível do Futuro. Aí veio a questão dos preços do óleo de soja, que encareceram para os consumidores supermercados, e o CNPE congelou o início do E15”, disse o analista de Açúcar e Biocombustíveis da Safras & Mercado, Maurício Muruci.
Em painel no primeiro dia do Safras Agri Week, Muruci apontou que o setor de biodiesel não está convivendo apenas com um ‘drama’. Segundo o analista, há um segundo ponto de frustração na cadeia. “O CNPE falou em prazo indeterminado… Ou seja, isso aí gerou incerteza total… Não sabemos se o CNPE vai voltar atrás ou se vai retomar só lá em 2026…. Pode ser semana que vem, mês que vem, ano que vem ou nunca mais…”, pontuou.
O analista de oleaginosas da Safras & Mercado, Gabriel Viana, salientou que a suspensão do B15 gerou impactos sérios para o mercado de óleo de soja. “Temos que lembrar que o óleo de soja é a principal matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel no Brasil, e que cerca de 60% de todo óleo de soja produzido é encaminhado para o setor de biodiesel. Então, qualquer mudança em termos de demanda, acaba impactando diretamente o mercado de óleo de soja. Os impactos dessa suspensão do B15 e manutenção do B14 por tempo indeterminado seguem trazendo dúvidas. A principal preocupação do mercado são as incertezas. Não sabemos quando é que teremos normalização, se é que teremos normalização, nesta temporada ainda”, disse.
Já o analista do setor carnes da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, chamou a atenção para a questão do sebo bovino, segunda principal matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil. “Estamos vivenciando um forte avanço nas exportações de sebo bovino para os Estados Unidos. O produtor de biodiesel dos EUA está vindo comprar sebo aqui para produzir o biocombustível lá. Isso tem gerado uma certa dificuldade de abastecimento no mercado interno em relação aos players que consomem sebo bovino no seu dia a dia. Este ano, por conta de uma exportação muito aquecida ( podemos passar de 400 mil toneladas embarcadas), está gerando mudança na correlação. No memento, os preços do sebo bovino estão mais altos que o óleo de soja, e isso não é o padrão normal. O que está puxando o preço é a demanda, em específico a demanda por exportação”, salientou Iglesias.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Safras News
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