Porto Alegre, 27 de março de 2024 – O Brasil teve o maior volume de importações de arroz em quase duas décadas em 2023/24, apontou o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, em palestra na abertura da 7a edição do Safras Agri Week. O evento online e gratuito acontece entre os dias 26 e 28 de março.
Oliveira relatou que o início do ano foi marcado por um bom volume de compras externas. Assim como em fevereiro, o mês de março terá uma maior quantidade de produtos importados do que de embarcados. As exportações da temporada de 2023/24 totalizaram 1,7 milhão de toneladas, enquanto as importações atingiram 1,6 milhões de toneladas.
Segundo o analista, este é um dos grandes fatores que contribuiu para o tombo das cotações do cereal que ocorre desde janeiro. A partir de outubro de 2023 iniciou a pressão no mercado brasileiro por conta de uma fraca demanda.
“No Rio Grande do Sul, que é o maior estado produtor do país, os trabalhos de colheita estão atrasados, podendo causar uma menor janela de exportações”, relatou.
A média dos preços está estabilizada ao redor dos R$ 100 por saca. Conforme Oliveira, as vendas foram fracas entre fevereiro e março, resultando em uma liquidez mínima. Por consequência, algumas indústrias estão cedendo os preços.
Para a próxima safra de arroz no estado gaúcho, as incertezas com o clima predominam. Fortes chuvas e ventos de mais de 100 quilômetros por hora atingiram e acamaram as lavouras, prejudicando a produtividade. Em algumas regiões que se estimavam 200 sacas por hectare já estão colhendo até menos 180 sacas por hectare.
Efeitos do El Niño no Mercosul
Assim como no RS, as tempestades causadas pelo fenômeno climático El Niño afetaram os principais parceiros comerciais do Brasil no Mercosul e devem causar uma menor oferta exportável dos países. Oliveira destacou que o Paraguai tem uma tendência de exportar cerca de 100 mil toneladas a menos e, em caso de recuperação das lavouras, a Argentina pode ter um acréscimo de 100 mil toneladas.
“Com isso, a projeção é de que o Brasil importe mais cerca de 50 mil a 100 mil toneladas, o que deve manter nossa balança comercial equilibrada”, estimou o analista.
Arroz em casca
Nas estimativas para a safra de 2023/24 do arroz em casca, Oliveira afirmou que por conta das adversidades climáticas o Rio Grande do Sul pode ter um menor rendimento do que o esperado inicialmente.
Porém, em relação à temporada anterior, as projeções são otimistas. A produção gaúcha deve chegar nos 7,451 milhões de toneladas, ante 6,995 milhões de toneladas de 2022/23. Já para Santa Catarina, espera-se 1,308 milhão de toneladas. No Mato Grosso, as expectativas apontam quase uma dobra na área do arroz em casca, de 95 mil hectares para 131,3 mil hectares.
A produção nacional está na casa dos 10,6 milhões de toneladas, avanço de 6,6% em relação a 2022/23. No entanto, de acordo com Oliveira, o incremento não deve ser suficiente para uma pressão significativa nos preços.
“Iniciamos nossa temporada comercial com os menores estoques em duas décadas. Com alguns rumores de menos de 500 mil toneladas nas mãos de produtores e indústrias”, completou.
Acompanhe a Agência Safras no nosso site. Siga-nos também no Instagram, Twitter e SAFRAS TV e fique por dentro das principais notícias do agronegócio!
Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2024 – Grupo CMA