Porto Alegre, 11 de abril de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje, em entrevista à Bandnews FM, que, como já aconteceu em outras crises, o Brasil tem proteção para se proteger de turbulências externas. Segundo o ministro, o país tem reservas internacionais, superávit na balança comercial e boas relações com o mundo inteiro para enfrentar a instabilidade criada pela nova política tarifária do governo Trump.
“Trump começou um ciclo que ainda não terminou. Todo dia temos novidades. Ficou claro que a China é o alvo prioritário de Trump. Houve uma turbulência evidente, mas o quadro precisa se estabilizar”, afirmou, acrescentando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou a posição mais sóbria possível sobre o assunto.
Haddad lembrou que Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento mantêm negociações com os Estados Unidos para resolver a questão. “Queremos fazer prevalecer a boa relação que mantemos há anos com os Estados Unidos”, completou.
O ministro disse não acreditar em uma desaceleração da economia brasileira por conta da guerra comercial e manteve a previsão de crescimento de 2,5% em 2025. “A economia brasileira segue saudável e com muitos graus de liberdade”.
Haddad disse que o natural seria o dólar se desvalorizar frente a outras moedas, já que a intenção dos Estados Unidos é reduzir o déficit na balança comercial. “Mas isso depende da coerência dos Estados Unidos em conduzir sua política econômica. Com sinais divergentes, você acaba promovendo uma valorização, pois as pessoas buscam num dólar um refúgio. A falta de coerência dos Estados Unidos está causando a instabilidade nos mercados”.
O ministro afirmou ainda que as medidas adotadas recentemente, como o crédito consignado na iniciativa privada, não devem causar aumento na inflação. Lembrou que a entrada da supersafra e a queda no preço das commodities no mercado internacional devem contribuir para segurar a inflação. “Há medidas que não podemos esperar para tomar. Vamos garantir que o trabalhador tenha um crédito mais adequado. Você está trocando uma dívida muito cara por uma dívida melhor”, acrescentou o ministro.
Haddad garantiu que o governo vai continuar buscando corrigir distorções para que o aumento de renda não se torne em aumento nos preços. “Estamos cuidando para que a inflação em alta fique longe do nosso horizonte”, disse. “O governo está fazendo ajustes o tempo todo para que o Orçamento de ajuste ao arcabouço fiscal. Sempre que se fala em ajuste fiscal no Brasil quem paga é o trabalhador. Mudamos um pouco essa história. Incluímos o andar de cima neste processo. É uma opção política”.
O ministro disse ainda achar impossível que o Congresso aprove o projeto de isenção do IR até R$ 5 mil sem as compensações. “É um projeto com alto apoio popular. Estamos cobrando de quem não paga. Quem grita em Brasília são os ricos. Este é o paradoxo que vivemos”.
Haddad disse desconhecer a proposta de ampliação de isenção no pagamento de contas de luz, levantado ontem pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. “Nem eu e nem a Casa Civil conhecemos. Só posso comentar quando conhecer, mas não me parece envolver o Tesouro. Seria um reajuste dentro do sistema para beneficiar quem tem menor renda”, concluiu, acrescentando que toda vigilância sobre o equilíbrio fiscal é necessária.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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