São Paulo -A Bolsa interrompeu uma sequência de quatro quedas e fechou em alta amparada pela surpresa baixista do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e boa performance da Petrobras (PETR3 e PETR4). O cenário fiscal com as alternativas para o IOF segue no foco do investidor.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as medidas como alternativa ao IOF devem ser encaminhadas à Casa Civil ainda hoje para redação final e, posteriormente, ao presidente Lula para o aval final.
Mais cedo, o IBGE divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,26% em maio e o mercado esperava +0,33%, conforme Termômetro Safras. Em 12 meses até maio, acumula alta de 5,32% e a expectativa era de 5,40%.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 3,64% e 3,01%. Setor financeiro caiu em bloco.
O principal índice da B3 subiu 0,54%, aos 136.436,07 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,42%, aos 136.870 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o IPCA deu o tom para o Bolsa na sessão de hoje.
“O Ibovespa se sustentou na desaceleração do IPCA de maio, que reduziu as apostas em uma nova alta da Selic na próxima reunião do Copom. Isto favoreceu para a valorização do real e queda dos juros futuros, impulsionando as ações mais sensíveis ao ciclo econômico. O índice chegou a subir mais de 1% na máxima do dia, também amparado pela alta do petróleo e pelo desempenho positivo de Petrobras, além do noticiário benigno sobre o diálogo comercial entre EUA e China”.
Quanto ao IPCA, o dado abaixo do esperado “trouxe um alívio momentâneo, mas não altera substancialmente o dilema central da política monetária: uma inflação ainda bem acima da meta e incertezas fiscais crescentes”, acrescentou Nishimura.
Rubens Cittadin, operador de rena variável da Manchester Investimentos, disse que o bom desempenho da bolsa está atrelado à inflação ao consumidor de maio.
“O IPCA abaixo do esperado reforça a manutenção da taxa de juros (Selic) na reunião da próxima semana [17 e 18], ademais de todas as questões envolvendo o fiscal. Vejo que, como alternativa ao IOF, o fim da tributação na cobrança da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras abre espaço para um certo ajuste fiscal [a alíquota de 9% será extinta e a cobrança passara a ser de 15% a 20%]. É positivo que o governo e o Congresso estejam buscando a austeridade fiscal”.
Em relação ao IPCA, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a inflação veio abaixo das expectativas, principalmente, “por conta de alimentos no domicílio praticamente zerado, 0,02%, transportes com deflação, menos 0,37% e desaceleração relevante em saúde, cuidado pessoal, que foi de 1,18% para 0,54%. A inflação foi muito puxada pela energia elétrica. Para o Banco Central, essa inflação de maio é uma surpresa positiva. Embora não seja a aposta maioritária do mercado, acho que 14,75% já é uma taxa suficientemente restritiva e não precisaria mais subir. O corte de juros poderia vir só na virada do ano”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,13%, cotado a R$ 5,5690. A segunda sessão da semana foi marcada pelas espera de novidades sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e um eventual acordo comercial entre China e Estados Unidos.
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, enquanto não houver um acordo sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além de uma entendimento entre China e Estados Unidos, o dólar permanecer lateralizado, “largado”.
Lucas Brigatto, sócio da Ethimos Investimentos, disse que as negociações entre Estados Unidos e China IPCA abaixo do esperado ajudam o dólar a perder força.
“Quanto mais as duas maiores economias vão se alinhando para uma negociação comercial, o dólar se ajusta para baixo e fica de olho no patamar dos R$ 5,50. Aqui, os dados de inflação mais ancorados também são um ponto positivo para a queda da moeda americana. No fiscal, tudo que se encaminhar para uma solução aumenta a confiabilidade do investidor”.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,26% em maio ante abril, 0,17 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,43% registrada em abril. No ano, o IPCA acumula alta de 2,75% e, nos últimos doze meses, o índice ficou em 5,32%, abaixo dos 5,53% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2024, a variação havia sido de 0,46%.
O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, de +0,33%, conforme o Termômetro Safras. O índice acumulado em 12 meses também ficou abaixo do estimado, de 5,40%.
“No final das contas, consideramos o resultado líquido como acomodatício, reforçando nossa perspectiva de que a Selic não terá uma nova elevação na reunião deste mês. Em termos de projeção, avaliamos preliminarmente que não deveremos ter grandes alterações na perspectiva de 4,9% para 2025”, avalia o economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Em contrapartida, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O driver do dia foi o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que veio abaixo do esperado.
Por volta das 16h34 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,845% de 14,850% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,150%, de 14,185%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,590%, de 13,675%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,545% de 13,635% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, enquanto os investidores aguardavam mais sinais sobre o andamento das negociações comerciais entre Estados Unidos e China
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,25%, 42.866,87 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 19.714,99 pontos
S&P 500: +0,55%, 6.038,81 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News