São Paulo -A Bolsa fechou em alta no último pregão do mês e do semestre, subiu mais de 2,4 mil pontos em dia de alta generalizada das ações, com o Boletim Focus mostrando uma desaceleração da inflação, melhora da dívida bruta e com o avanço nas negociações comerciais. Os números de empregos formais mostrados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em desaceleração também contribuíram para o movimento de apetite ao risco. No mês, o Ibovespa registrou ganho de 1,3%, no trimestre avançou 6,6% e no semestre valorizou 15,5%.
Segundo o Caged, foram criados 148.992 empregos formais em maio, consequência de 2.256.225 admissões e 2.107.233 desligamentos, ficando abaixo das expectativas do mercado, em torno de 179 mil vagas.
O Boletim Focus trouxe na edição desta segunda-feira que a projeção para a inflação em 2025 caiu 5,20%, de 5,24%. A expectativa para a alta do PIB fica estável e para o dólar recuou para R$5,70 de R$ 5,72, ambos em 2025.
As ações dos bancos com o IOF e as cíclicas dispararam com a queda na curva de juros futuros. A Vale (VALE3) caiu 0,66%, CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) perderam, respectivamente, 0,80% e 0,72%.
O principal índice da B3 subiu 1,45%, aos 138.854,60 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,34%, aos 141.210 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,3 bilhões. No interdiário atingiu a máxima de 139.102,75 pts e a mínima de 136.429,87 pontos. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o dia de recuperação do Ibovespa “com as notícias do exterior mais positivas sobre as negociações tarifárias estarem andando e devem ter um desfecho antes do dia 9 [que é o deadline], além da questão do cessar-fogo entre Israel e Irã. As empresas mais fracas são de commodities como Vale, CSN e Usiminas, que têm correlação maior com a China. Os juros deram uma aliviada e [beneficia as ações sensíveis a juros] e os bancos se beneficiam com o veto do IOF, varejo, elétricas se recuperando na sessão de hoje. O mercado segue de olho na questão do IOF, se vai ter ou não judicialização. O Ibovespa vai fechar o mês, trimestre e semestre em alta”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou a R$ 5,4335 para venda, com desvalorização de 0,9%. Às 17h10, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,42% a R$ 5.457,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, recuava 0,6% a 96,81 pontos.
O dólar seguiu o exterior, com movimento de carry trade e um cenário de desinflação mostrado no Boletim Focus. Os dados do Caged também ajudam no fortalecimento do Real.
Mais cedo, foram divulgados os dados do mercado de trabalho formal em maio. O País criou 148.992 vagas com carteira assinada, abaixo das expectativas do mercado de 179 mil. O resultado mostrou desaquecimento da economia. Na semana passada, a Pnad Contínua apontou queda de 6,2% na taxa de desemprego em maio.
Marcos Weigt, head de tesouraria da Travelex Brasil, disse que o dólar “acompanha o movimento de queda global da moeda estrangeira. O mercado está tomando risco por conta do esfriamento da guerra de tarifas. A inflação IPCA projetado no Focus para 2026 está estável em 4,5% há sete semanas o que é positivo. Tem carry trade”.
Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, disse que o dólar recua puxado pelo “fluxo para emergentes, está testando o patamar abaixo de R$ 5,50 desde quinta-feira. Esse movimento está sendo favorecido pelo diferencial de juros com a projeção de cortes das taxas pelo Fed, tem o benefício do carry trade e melhora a percepção dos outros no mercado com a nossa taxa de juros [alta]”. O setor público consolidado registrou déficit primário de R$33,7 bilhões em maio, ante déficit de R$63,9 bilhões no mesmo mês de 2024. O Governo Central e as empresas estatais apresentaram déficits, na ordem, de R$37,4 bilhões e R$926 milhões, e os governos regionais, superávit de R$4,5 bilhões. Em doze meses, o setor público consolidado acumulou superávit de R$24,1 bilhões, 0,20% do PIB, ante déficit de R$6,0 bilhões, 0,05% do PIB, acumulado até abril.
Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad, destaca que a performance externa contrasta com o cenário de instabilidade observado no início de abril. “Parte desse movimento de mercado é impulsionada pela decisão do Canadá de rescindir impostos sobre serviços digitais, uma medida que visa facilitar as negociações comerciais com os EUA”.
Segundo ele, os investidores continuam atentos a possíveis acordos comerciais, diante do prazo final das pausas tarifárias na próxima semana. “Paralelamente, os juros das Treasuries de longo prazo apresentam uma leve queda. O mercado de Treasuries vive seu melhor mês desde fevereiro, com as atenções voltadas para o relatório de empregos (Payroll), na quinta-feira, e o discurso de Jerome Powell amanhã, eventos que podem trazer novos catalisadores”.
Asim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda refletindo os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) abaixo do esperado do mercado.
Por volta das 16h04 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,930% de 14,935% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,110%, de 14,165%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,275%, de 13,405%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,090% de 13,295% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto os investidores encerravam um mês impressionante com mais recordes históricos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,63%, 44.094,77 pontos
Nasdaq 100: +0,48%, 20.369,73 pontos
S&P 500: +0,52%, 6.204,94 pontos
Dylan Della Pasqua, Cynara Escobar e Darlan de Azevedo / Safras News

