São Paulo -Em uma sessão volátil, a Bolsa fechou em leve alta, estável, não conseguiu acompanhar o otimismo global em razão do acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo, mas se manteve na faixa dos 136 mil pontos.
No interdiário, o índice atingiu a máxima de 137.519,33 pontos. O entendimento entre EUA e China favoreceram as commodities e Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) avançaram. As preocupações dos investidores com o fiscal voltaram à mesa e limitaram os ganhos.
O mercado fica no aguardo dos balanços após o fechamento do mercado como Petrobras e Banco do Brasil.
No acordo temporário de 90 dias, os Estados Unidos vão reduzir as tarifas de 145% para 30% sobre os produtos chineses, enquanto a China diminuiu de 125% para 10% as taxas de importação sobre os americanos.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,71% e 2,39%, acompanhando a alta do petróleo e na expectativa do resultado do 1T25 após o fechamento do mercado. Vale (VALE3) avançou 2,51%. Os bancos caíram em bloco.
O principal índice da B3 subiu 0,03%, aos 136.563,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou alta de 0,18%, aos 138.435 pontos. O giro financeiro foi R$ 24,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
Tales Barros, head de renda variável da W1 Capital, disse que o mercado global opera com otimismo após acordo EUA-China, aqui é limita por questões domésticas.
“O acordo comercial EUA-China veio acima do que o mercado esperava com a suspensão de boa parte dessas tarifas. Com isso, o vimos impulso das ações ligadas às commodities. Por aqui, a temporada de balanços pesa a favor, mas o que impõe certa limitação nos ganhos do índice é a preocupação com a política monetária e inflação e correção mais forte”.
Thiago Pedroso, responsável pela área de renda variável da Criteria, explicou o motivo de a bolsa não engatar alta.
“Sem o ajuste fiscal, ficamos muito mais à mercê de capital especulativo. Nesse ano, [o Brasil] se beneficiou principalmente de uma rotação de ativos, com saída de fluxo dos EUA, e isso ajudou de forma global ativos e o câmbio de países emergentes. Agora, a B3 volta a sofrer com menor fluxo, e sem nenhum trigger para justificar a alocação aqui, o gringo pode diminuir e voltar a alocar mais nos EUA, que é mais seguro, e com esse cenário evitaria uma recessão. No curtíssimo prazo, os problemas do Brasil ficam mais evidentes sem todo o barulho (e a ajuda) do noticiário internacional”.
Pedroso disse que “mesmo com a valorização nas commodities, o cenário não muda pois ainda é tudo muito incerto e a alta que estamos vendo não é tão relevante”.
O responsável pela área de renda variável da Criteria explicou que de qualquer maneira, a tensão global diminuiu perto do que estava antes, “o que fortalece o dólar e as treasuries. Em tese esse é um cenário ruim para Brasil”.
Mais cedo, Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, comentou que com a volta de apetite ao risco global, “o Ibovespa a renovar sua máxima histórica, atualmente em 137.634 pontos. O foco dos negócios hoje está no acordo comercial entre EUA e China, que alimenta o otimismo sobre um possível arrefecimento da recente disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, a qual ameaçava as perspectivas de crescimento global. As negociações surpreenderam positivamente os mercados, resultando em uma manhã de forte recuperação das commodities, como petróleo e minério. Esses ativos são essenciais para Petrobras e Vale, que se recuperam e ajudam a sustentar o Ibovespa. Além disso, o índice já vem sendo beneficiado pela entrada de capital estrangeiro e pelas perspectivas de fim do ciclo de alta de juros, o que apoia a atual tendência de alta de curto prazo do nosso mercado. O noticiário do dia contribui para a continuidade desse movimento”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,53%, cotado a R$ 5,6845. A moeda refletiu o acordo comercial de 90 dias entre China e Estados Unidos, que deu certa esperança de que o impasse possa chegar a uma solução.
O head de Tesouraria da Travelex Bank, Marcos Weigt, entende que o movimento está diretamente ligado ao acordo sino-americano, que afeta também a curva de juros no Brasil e Estados Unidos.
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, mesmo com a alta de hoje a tendência é que o dólar perca força nos próximos dias, podendo voltar à faixa dos R$ 5,55: “Os juros brasileiros continuam altos e o governo parou com os ruídos. Isso atrai moeda estrangeira”, opinou.
Assim como a moeda americana, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. A sessão foi marcada pela alta global do dólar e a valorização das Treasuries, embalados pelo acordo temporário sino-americano.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,800% de 14,795% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,035%, de 14,005%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,510%, de 13,440%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,450% de 13,385% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta expressiva, depois que os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir temporariamente as tarifas, após negociações no fim de semana na Suíça, aumentando as esperanças de que a guerra comercial não empurre a economia para uma recessão.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +2,81%, 42,410.10 pontos
Nasdaq 100: +4,35%, 18,708.34 pontos
S&P 500: +3,26%, 5,844.19 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News