São A Bolsa fechou em queda em movimento de correção, oscilou entre a máxima de 139.546,93 pontos e a mínima de 138.579,90 pontos, em meio a um mercado de trabalho pujante por aqui e com o banco central americano preocupado com a inflação, mostrado na ata do Fed.
Mais cedo foram divulgados os números do Caged. Foram criadas 257,5 mil vagas de trabalho em abril, bem acima das expectativas de 175 mil.
Mais cedo, os presidentes dos principais bancos do País e a equipe do ministério da Fazenda trocaram informações sobre o aumento do IOF e foram apresentadas alternativas pelos CEOs sobre essa questão.
No corporativo, após a Azul (AZUL4) pedir recuperação judicial nos Estados Unidos, a B3 anunciou que vai excluir os papéis de seus índices. A exclusão se dará após o fechamento do pregão regular de amanhã (29). As ações caíram 3,73%, a R$1,03.
O Citibank elevou recomendação de Bradesco para compra. “No setor financeiro, o momento é bom para o Itaú, ótimo para Bradesco e a situação é desafiadora para o Banco do Brasil”, disse Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.
As ações ordinárias (BBDC3) subiram 1,73% e as preferenciais (BBDC4) avançaram 0,68%. Na contramão, Itaú (ITUB4) caiu 0,81% e Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,55%. Commodities caíram.
O principal índice da B3 caiu 0,46%, aos 138.887,81 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,60%, aos 140.060 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,9 bilhões. Em Wall Street, as bolsas fecharam em queda.
Gabriel Cecco, especialista da Valor Investimentos, disse que o movimento de ajuste.
“O mercado aproveita para realizar lucros, tem reposição de carteira em um cenário com as atenções voltadas para o exterior. Hoje, a ata do Fed teve um peso importante com o reforço de que os juros vão continuar altos por mais tempo. Por aqui, os números do Caged chamaram atenção, vieram acima do esperado, o que mostra resiliência do mercado de trabalho, mesmo com inflação apresentando desaceleração. O emprego alto é bom para consumo, movimenta a economia, mas pode dificultar a desaceleração da inflação de serviços. O BC tem de calibrar bem isso. O mercado tenta digerir sinais mistos com uma inflação que cede devagar [ontem o IPCA-15 desacelerou em maio frente abril, +0,36% contra mês anterior de 0,43%], emprego surpreende pra cima e cenário global ainda não dá trégua. A volatilidade é natural”.
Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que o mercado digere a ata do Fed e o Caged.
“O Ibovespa cai em dia de correção. Na ata, o Fed se mostrou bem cauteloso em relação aos riscos para a inflação e não deu indicativos de possível queda de juros. Os dados do Caged trouxeram um mercado de trabalho bem aquecido.
Em relação à ata do Fed, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, comentou que o banco central americano se mostrou mais preocupado com a inflação do que o mercado de trabalho.
“Nesse documento, o Fed reforçou mais os riscos de alta da inflação do que na ata de três meses anteriores por conta das tarifas e do potencial repasse de preço pelas empresas adiante, enquanto no anterior era citado o risco, mas que ainda era meio incerto. Para o mercado de trabalho, eles também mostraram uma piora, com atenção à com a alta do desemprego, mas de qualquer forma o foco ficou na questão de inflação. O foco é diretamente nas tarifas nessa ata, como como a próxima também vai ser. A dúvida para a próxima [reunião] é o quanto eles vão revisar para baixo suas previsões de crescimento, de inflação e de desemprego subindo e as projeções de corte de juros diminuindo. Na reunião de 17 e 18 [de junho], o mercado vai ficar atento às projeções”.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o dia é de correção, após a alta da véspera.
“O mercado vai ficar de olho nos dados do Caged e ver o impacto na inflação. O mercado de trabalho está desacelerando. O resultado de hoje vai ser um termômetro para ver como estão os serviços-parte mais difícil de baixar da inflação- porque tem uma correlação forte com taxa de desemprego. O mercado também espera pela ata do Fed, mas acredita que a autoridade vai adotar tom de cautela e deve jogar tudo [culpa] nas costas do Trump. Mercado vai continuar precificando dois cortes [de juros] para esse ano. Se a economia americana desacelerar mais, as expectativas mudam”.
O dólar fechou em alta de 0,87%, cotado a R$ 5,6952. A quarta foi marcada pelos ruídos gerados pelo novo valor do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Além disso, a divisa estadunidense também seguiu em linha com o exterior.
A economista-chefe para América Latina da Coface, Patrícia Krause, conta que o dólar ganhou especialmente das moedas mais líquidas, demonstrando certa apreensão nas negociações dos Estados Unidos com União Europeia e China.
O Ministério do Trabalho divulgou, à tarde, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontou a criação de 257.528 mil empregos formais em abril. As estimativas do mercado eram em torno de 175 mil.
Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o Caged não afetou em nada o mercado.
“Dólar pressionado hoje. Taxas de juros também sobem. Aparentemente o mercado segue monitorando o imbróglio com o IOF, que aumenta a incerteza sobre o fiscal no curto prazo (há chances de o Congreso derrubar a medida), assim como opera de olho no exterior. Boa parte das moedas perde valor contra o dólar e as taxas de juros lá fora sobem (3 a 4 bps)”, contextualiza o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. A quarta-feira foi marcada pelo alinhamento às Treasuries e correção.
Por volta das 16h41 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,725% de 14,685% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,935%, de 13,850%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,450%, de 13,510%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,480% de 13,370% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em queda, antes da divulgação do balanço da Nvidia, e sob efeito da publicação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) da reunião dos dias 6 e 7 de maio.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,58%, 42.098,70 pontos
Nasdaq 100: 0,51%, 19.100,94 pontos
S&P 500: +0,55%, 5.888,55 pontos
Paulo Holland e Larissa Bernardes / Agência Safras News