São Paulo – A Bolsa fechou em queda, oscilou entre a mínima 138.293,11 pontos e a máxima de 139.496,64, em um dia de cautela com o agravamento do conflito entre Israel e Irã e na expectativa para a decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos.
A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 2,94% e 2,26% acompanhando a alta do petróleo no exterior e com a notícia que a companhia e Exxon, Chevron e CNPC, arremataram 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás na Bacia de Foz do Amazonas. Outras petroleiras como PetroRio (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3) acompanharam o movimento positivo, subiram 1,96% e 1,22%, respectivamente.
O principal índice da B3 caiu 0,29%, aos 138.840,02 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdia 0,92%, aos 138.855 pontos. O giro financeiro era de R$ 22,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado reflete a possibilidade de piora do conflito entre Irã e Israel e compasso de espera para a decisão de juros aqui e nos Estados Unidos.
“O mercado teme que o conflito piore, após falas do Trump [o presidente americano pede a rendição do Irã e que, ‘por enquanto’ não pretende matar o líder supremo do Irã. O mercado aguarda as decisões de juros pelo Copom e Fed. Hoje, os dados do varejo [-0,9% em maio], produção industrial [-0,2% em maio] e preços de importação [estável] nos EUA abaixo do esperado acabaram corroborando para começar a pensar em queda de juros com tranquilidade. Se a guerra escala, as commodities sentem mais fortemente. Por aqui, os dados indicam para uma inflação mais controlada e as apostas estão equilibradas tanto para manutenção como alta”.
Segundo Alexandro Nishimura, economista e diretor da Nomos, “apesar do otimismo demonstrado por alguns gestores em relação à Bolsa brasileira, o curto prazo ainda inspira cautela. A piora no cenário geopolítico e o desgaste nas relações entre governo e Congresso em torno do IOF criam uma combinação preocupante entre ruído político e desconfiança fiscal. Mesmo que o Copom adote um tom firme, a sustentabilidade do índice nesse patamar depende de maior clareza sobre o ambiente fiscal e de um alívio nas tensões externas”.
Ian Lopes, especialista da Valor Investimentos, disse que a cautela dá o tom do mercado.
“A Bolsa opera perto da estabilidade, com cautela, à espera de uma resolução do conflito entre Israel e Irã, ontem parecia que teria apaziguado, mas as tensões escalaram mais. Também estamos esperando a decisão dos juros amanhã pelo Copom [após o fechamento do mercado.
Felipe SantAnna, especialista em mercado financeiro do grupo Axia Investing, disse que hoje é um respiro de ontem. O Brasil está vivendo um céu de brigadeiro desconhecido. Temos vários problemas internos e a bolsa brasileira batendo recorde em cima de recorde, o mini-índice futuro subindo a 140 mil pts, o que é incompreensível. Os EUA estão muito envolvidos no conflito entre Israel e Irã, e o mercado lá fora acredita que isso vai escalar. Trump não costuma recuar, ele vem falando sobre o apoio a Israel”.
SantAnna explica que com o cenário de conflito no Oriente Médio, a atenção vai ficar para as falas do presidente do Fed, Jerome Powell.
“O guidance é o mais importante sobretudo por conta da [possível] escalada da guerra. Se acontecer, petróleo dispara, inflação na veia, e o Trump será enfraquecido. Já vemos o dólar perder força frente outras moedas. Estamos vivendo momentos atípicos”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,16%, cotado a R$ 5,4962. A moeda refletiu, na parte final da sessão, a escalada do conflito entre Israel e Irã.
O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, viu o movimento de hoje como uma realização: “O real tem, no momento, a melhor performance dentre todas as moedas”.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que ” apesar de o conflito estar concentrado nesses dois países [Irã e Israel], tem um receio no mercado que acabe envolvendo outras nações. Se isso acontecer, a incerteza é muito maior”.
Um outro analista do mercado financeiro disse que o mercado teme a possível escalada da guerra e fica à espera da decisão de juros amanhã.
Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “em situações como essa você vê um dólar fortalecido. Será que os emergentes viraram um porto seguro?”.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. O movimento de hoje refletiu a espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que amanhã irá anunciar o valor atualizado da Selic (taxa básica de juros).
Por volta das 16h44 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,865% de 14,880% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,230%, de 14,165%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,640%, de 13,560%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,540% de 13,465% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto investidores acompanhavam atentamente os desdobramentos mais recentes no Oriente Médio, com o conflito entre Israel e Irã entrando no quinto dia.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,70%, 42.215,80 pontos
Nasdaq 100: -0,91%, 19.521,09 pontos
S&P 500: -0,84%, 5.982,72 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News