São Paulo -A Bolsa fechou em forte alta em dia de otimismo global puxado por Bradesco, aproximação do fim do ciclo de alta da Selic, avanço nos acordos comerciais e balanços corporativos. No interdiário, o índice atingiu a máxima história de 137.634,57 pontos.
Hoje, o presidente Donald Trump anunciou o primeiro acordo comercial com o Reino Unido. Os Estados Unidos mantiveram a tarifa básica de 10% sobre os produtos britânicos. Já o Reino Unido reduziu as taxas de 5,1% para 1,8% sobre os produtos americanos. No final de semana, a expectativa do mercado é de uma negociação com a China.
Em relação às ações, Azzas (AZZA3) liderou os ganhos do Ibovespa de 22,03%, após o resultado do 1T25. Em seguida, Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 14,04% e 15,64% também refletindo o balanço divulgado na véspera.
O principal índice da B3 subia 2,12%, aos 136.231,90 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrava alta de 2,12%, aos 138.230 pontos. O giro financeiro foi de R$ 34,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, comenta sobre decisão do Copom e os impactos no mercado de ações.
“O Copom deixou em aberto, que o atual cenário de incertezas relacionadas à política comercial externa exige um tom cauteloso na condução da política monetária e uma flexibilidade para as próximas decisões, justamente para incorporar o impacto da inflação nas próximas decisões. Então, a próxima decisão do Copom ficou em aberto, será dependente de dados e reforçou um compromisso de estabilidade nos preços, o que é positivo”.
A analista ressalta que a tendência de aproximação do final do ciclo de alta de juros é relevante para o investimento em ações e deve manter o Ibovespa em alta no curto prazo.
“Estamos nesse momento em que as expectativas começam a ser colocadas em jogo e nos preços são de avaliar qual o momento os juros começarão a cair. Essa expectativa em relação ao final do ciclo de alta já trouxe um movimento bastante positivo para a Bolsa brasileira em março e em abril. A decisão de ontem veio em linha com o que grande parte do mercado esperava, o que é positivo para o mercado de ações. Como a decisão veio em linha, o mercado deve continuar de olho na guerra comercial e suas implicações para a economia global. E aqui, o mercado deve continuar atento aos próximos dados de atividade doméstica e inflação. Na sexta, já temos a divulgação do IPCA, que será bastante monitorada pelos investidores”.
Em relação às alocações em ações, Bruna destaca que as incertezas do atual cenário demandam “cautela e seletividade” nas escolhas dos ativos, buscando ações de qualidade e baixo risco. “Com o mercado olhando para o fim do ciclo de alta, também dá para adicionar mais risco gradualmente à carteira”, opina. “Vamos uma tendência de alta de curto prazo para a Bolsa”.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que uma junção de fatores ajuda o movimento positivo da Bolsa.
“A alta do Ibovespa reflete boa parte do avanço do Bradesco, com o peso das ações no índice, devido a um resulto do 1T25 bem acima do esperado pelo mercado. E os bancos sobem na esteira do Bradesco, o que mostra o muito do fluxo indo para o setor. Além disso, o mercado aposta em mais uma alta de 0,25 ponto porcentual ou manutenção na próxima reunião junho, e nos seguintes encontros manutenção da Selic ou queda. Tudo isso anima o mercado. os acordos comerciais também são positivos”.
Em relação ao Bradesco, Cittadin cita que a melhoria e eficiência chamaram a atenção. “Teve mudança da diretoria, a carteira de crédito começa a fazer maior efeito. O banco era uma mola muito comprimida por conta do ROE”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou a R$ 5,6612 para venda, com desvalorização de 1,43%. Às 17h05, o dólar futuro para junho tinha baixa de 1,27% a R$ 5.698,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, subia 1,05% a 100,67 pontos.
O dólar comercial recuou frente ao real, mas subiu em relação à cesta de moedas em um ambiente mais favorável para Brasil em relação aos emergentes. Os acordos comerciais também ajudam a valorizar o real.
Mais cedo, o presidente Donald Trump anunciou um acordo com o Reino Unido. A tarifa básica de 10% que Trump aplicou a dezenas de países permanecerá em vigor, mas as tarifas sobre veículos importados do Reino Unido cairão de 25% para 10%, para se alinhar a essa base.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o risk on ajuda o Brasil. “Entre os emergentes, os investidores preferem o Brasil porque está barato e não tem deterioração adicional. É um bom ativo. Com a China, existe receio grande de intervenção do governo em alguns setores da economia no México enxergam a presidenta [Claudia Sheinbaum] mais radical”.
“Outro ponto favorável, é o anúncio do Trump de acordo com Reino Unido, e no final de semana tem expectativa da reunião com China. Acredito que vão chegar [EUA-China] em um acordo, mas não no final de semana. Acredito que a taxa não será mais de 145%, mas ainda será alta, não de 10% como de outros países A diminuição de risco de Trump ajuda alocar em mercados emergentes”, completa o analista.
Bruno Botelho, especialista em câmbio da One Investimentos., disse que o dólar está “refletindo a combinação de juros elevados no Brasil, ambiente externo misto e movimento técnico de correção. O dólar acompanha o enfraquecimento da moeda americana frente a outras divisas emergentes”.
Acompanhando o movimento do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda nas pontas médias e longas da curva e sobem no curto prazo refletindo que encerrou ciclo de alta da Selic, mas os juros ainda devem permanecer elevados por um período mais longo.
Por volta das 16h10 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,790% de 14,715% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,975%, de 13,985%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,425%, de 13,510%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,400% de 13,500% na mesma comparação.
No mercado externo, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após o presidente Donald Trump anunciar um acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido, o primeiro grande acordo firmado desde que os EUA lançaram tarifas preventivas sobre grande parte do mundo no início deste ano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,62%, 41.368,45 pontos
Nasdaq 100: +1,07%, 17.928,14 pontos
S&P 500: +0,57%, 5.663,94 pontos
Cynara Escobar, Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Safras News