São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido, subiu mais de 1,4 mil pontos em um dia que começou fraco, mas conseguiu terminar no positivo com a ajuda de petroleiras-destaque para Petrobras- setor financeiro, acordo preliminar entre China e Estados Unidos e uma inflação mais contida nos Estados Unidos.
Por aqui, o mercado fica na expectativa para a publicação da Medida Provisória (MP) que substitui o decreto do aumento do IOF.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,93% e 3,32%. Petrorio (PRIO3) registrou ganho de %. PetroRecôncavo (RECV3) e Brava Energia (BRAV3) avançaram 2,69% e 3,03%.
O setor financeiro subiu em bloco, com destaque para o Santander (SANB11), após o UBS BB elevar a recomendação para compra e subir o preço-alvo de R$ 30 para R$ 38. As ações do banco avançaram 4,64%. Na contramão, Gerdau (GGBR4) caiu 3,68%.
O principal índice da B3 subiu 0,50%, aos 137.128,04 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou alta de 0,22%, aos 137.410 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse a bolsa melhorou ao longo do dia com notícias mais positivas e deve fechar o pregão em alta.
“A bolsa abriu em queda, mas melhorou ao longo do pregão com o mercado digerindo a MP para substituir o aumento do IOF [deve ser publicada ainda hoje], depois o CPI mostrou um pouco de inflação e aqui o mercado tentando especular sobre a Selic que será definida na próxima semana. O acordo entre EUA e China [preliminar] agradou ao Trump [Donald Trump] também ajudou na melhora do mercado e o petróleo andou bem. O acordo com China tira risco de desaceleração global e incorre em mais demanda por petróleo. O setor de petróleo sobe forte capitaneado principalmente por Petro e financeiro se recupera. A Gerdau destoa e cai depois de dois dias de alta, mas não tem nenhuma notícia para explicar a queda. Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, disse que o Ibovespa sobe em dia otimista embalado pela negociação entre China e EUA sobre taxações, dados do CPI que animaram o mercado e com investidores à espera de novidades sobre o pacote que irá substituir a alta do IOF”.
Mais cedo, Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que a B olsa operava de lado com o mercado cauteloso com as medidas fiscais do governo.
“Em audiência na Câmara, Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] não está trazendo muitas novidades, acredito que são frases mais políticas que econômicas. Disse que não estão aumentando os impostos, mas fazendo um reequilíbrio de contas e que não vai chegar à economia real. Acredito que está emitindo falácias. O mercado está aguardando o que virá dessas medidas e precisamos ver a reação do Congresso. Tem que entender o que vai ser aprovado para valer em 2026. A alta da Petrobras e petroleiras ajudam o índice no positivo. Quanto ao CPI, a expectativa era de que fizesse mais preço, mas o fiscal domina as atenções”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi dispensado da audiência na Comissão de Finanças e Tributação, Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados, após bate-boca provocado pelos deputados bolsonaristas-Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG).
Em relação ao CPI, divulgado mais cedo, Mônica Araújo, estrategista de renda variável e empresas da InvestSmart XP, explicou que apesar da inflação ter vindo abaixo do esperado, o Fed deve manter os juros inalterados na reunião da semana que vem.
“A surpresa positiva da inflação para o consumidor americano [+0,1%, contra estimativa de +0,2%] sustenta a percepção de que a guerra tarifária iniciada em abril pelo governo Trump [Donald Trump] ainda não está se refletindo nos preços dos produtos finais. Uma forte antecipação de importação de matéria prima e bens antes do início da incidência de novas tarifas comerciais, combinada com a retenção da variação de custo pelas empresas e a queda forte do petróleo nas últimas semanas podem explicar a acomodação dos índices de inflação nos EUA. O núcleo do CPI, que exclui componentes mais voláteis como energia e alimentos, também apresentou alta de apenas 0,1% na comparação mensal, abaixo do observado no mês anterior que foi 0,2%, e do que era esperado pelo mercado, que era de 0,3%. Apesar de esse dado de inflação indicar acomodação, acreditamos que o Fed deve manter uma postura cautelosa em sua próxima reunião [dias 17 e 18] sem implementar nenhuma alteração na taxa de juros dos EUA”.
No câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,55%, cotado a R$ 5,5382, chegou a atingir a mínima no interdiário de R$ 5,5216 puxado por um alívio global com o acordo preliminar entre Estados Unidos e China, uma inflação nos Estrados Unidos (CPI, sigla em inglês) abaixo do esperado e, por aqui, o diferencial de juros elevados fortalece o real.
O Dollar Index, que mede o comportamento da moeda americana frente a uma cesta de unidades, recuou 0,43%, a 98,68 pontos.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, disse que fatores globais e internos contribuíram para um comportamento mais benigno para nossa taxa de câmbio.
“Primeiramente, vemos um ambiente global mais favorável após o acordo preliminar entre EUA e China, adicionalmente aos dados de inflação americana ao consumidor abaixo do esperado, o que reforça a expectativa de corte de juros pelo Fed ainda este ano. Por aqui, o real acabou se fortalecendo apoiada na taxa de juros elevada e pelos sinais de conversas entre Congresso e governo sobre corte de gastos primários nas conatas públicas”.
Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que “o fluxo para Brasil ajuda na queda do dólar. Se viesse uma discussão estrutural de corte de gastos teria uma entrada massiva de dólares aqui”.
Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, os dados do CPI foram “bastante positivos para os Estados Unidos. O mercado está otimista com os próximos passos do Fed. As apostas majoritárias ainda são de um corte neste segundo semestre e um no início de 2026”.
Komura observa que a tendência de dólar fraco globalmente deve permanecer e isso deve beneficiar ativos de risco, como o real.
Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta com o mercado elevando a chance de um aumento da taxa básica de juros (Selic) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima semana, nos dias 17 e 18.
Por volta das 16h27 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,880% de 14,850% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,210%, de 14,155%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,630%, de 13,575%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,540% de 13,515% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto os investidores avaliavam um acordo comercial preliminar entre Estados Unidos e China e os novos dados de inflação. Após uma sequência de altas recentes, o mercado fez uma pausa, com os principais índices encerrando a sessão próximos aos níveis de fechamento anteriores.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,00%, 42.865,77 pontos
Nasdaq 100: -0,50%, 19.615,88 pontos
S&P 500: -0,27%, 6.022,24 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

