Porto Alegre, 11 de novembro de 2022 – Após uma safra brasileira de soja problemática em 2021/22, devido a quebras com o fenômeno La Niña, o país deve obter uma safra e exportações recordes em 2022/23. A avaliação partiu do consultor de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, que apresentou palestra no primeiro dia do 4º SAFRAS Agri Week.
O consultor salientou que problemas climáticos com o La Niña derrubaram a produção em 2021/22, com falta de chuvas e temperaturas elevadas no Sul do Brasil e Mato Grosso do Sul. A produção brasileira terminou ficando em 125,88 milhões de toneladas, segundo estimativa de SAFRAS & Mercado, quando o potencial era de 145 milhões de toneladas. Assim, houve uma queda de 9% na safra em relação a 2020/21, quando o país colheu 138,11 milhões de toneladas.
Com esse desempenho, as exportações brasileiras que eram inicialmente projetadas em 89 milhões de toneladas em 2022 caíram para 77,2 milhões de toneladas, uma queda de 10% em relação às 86,110 milhões de toneladas de 2021. E os estoques brasileiros estão muito apertados com essa produção mais fraca de 2021/22 (313 mil toneladas), como destacou Roque na palestra.
Para 2022/23, a expectativa de SAFRAS é de uma produção recorde. Atualmente SAFRAS estima uma produção de 151,5 milhões de toneladas, um aumento de 20% em relação à safra 2021/22, sobretudo com uma recuperação na produção na região Sul. Roque observou que a produção deve ser revisada para cima, talvez para uma faixa de 153 milhões de toneladas. E as exportações brasileiras devem atingir um recorde hoje estimado em 91,5 milhões de toneladas, com aumento de 19% sobre 2021/22.
Quanto à comercialização no Brasil, Roque destacou que as vendas de soja estão atrasadas tanto na safra deste ano quanto nas vendas antecipadas da safra futura. O produtor está capitalizado, e “arriscando” na espera de preços mais altos, acreditando em quebras de safra com o La Niña, o que não está sendo previsto.
O consultor disse que o produtor deveria estar mais adiantado, porque com uma safra recorde do Brasil em 2022/23 não deve haver espaço para grandes altas nas cotações da soja. “Os preços poderão estar mais pressionados em janeiro e fevereiro, e o produtor tem de avançar mais na comercialização. Não é garantido problemas produtivos e os preços podem cair”, advertiu.
USDA
O relatório de novembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a safra norte americana de soja deverá ficar em 4,346 bilhões de bushels em 2022/23, o equivalente a 118,3 milhões de toneladas.
A produtividade foi indicada em 50,2 bushels por acre. Em outubro, as indicações eram de 4,313 bilhões de bushels – 117,4 milhões de toneladas – e 49,8 bushel, respectivamente. O mercado apostava em número de 4,324 bilhões de bushels para a safra ou 117,7 milhões de toneladas.
Os estoques finais estão projetados em 220 milhões de bushels ou 5,98 milhões de toneladas, contra 200 milhões do relatório anterior, ou 5,44 milhões de toneladas. O mercado apostava em carryover de 215 milhões ou 5,85 milhões de toneladas. O USDA indicou esmagamento em 2,245 bilhões de bushels e exportação de 2,045 bilhões. No mês passado, a previsão era de 2,235 bilhões e de 2,045 bilhões, respectivamente.
O relatório projetou safra mundial de soja em 2022/23 de 390,53 milhões de toneladas. Em outubro, a projeção era de 390,99 milhões de toneladas. Os estoques finais estão estimados em 102,17 milhões de toneladas, contra 100,52 milhões de toneladas de outubro. O mercado esperava por estoques finais de 100,9 milhões de toneladas.
A projeção do USDA aposta em safra americana de 118,27 milhões de toneladas, contra 117,38 milhões em outubro. A safra brasileira foi indicada em 152 milhões e a argentina em 49,5 milhões de toneladas. Em outubro, os números eram de 152 milhões e 51 milhões, respectivamente. A China deverá importar 98 milhões de toneladas, repetindo a estimativa do mês anterior.
Conab
A produção brasileira de soja deverá totalizar 153,54 milhões de toneladas na temporada 2022/23, com aumento de 22,3% na comparação com a temporada anterior, quando foram colhidas 125,55 milhões de toneladas. A projeção faz parte do 2º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em outubro, eram esperadas 152,35 milhões de toneladas.
Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS