Ano foi bastante diferente para mercado brasileiro e internacional de milho

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Porto Alegre, 23 de dezembro de 2022 – O mercado de milho vivenciou um 2022 bastante diferente da rotina normal, tanto no cenário doméstico quanto internacional. “Fatores como pós pandemia, guerra, preços recordes, perdas na produção na América do Sul e um quadro de tensão com a política brasileira marcaram o ano para o setor de milho”, avalia o analista de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari.

Segundo ele, o cenário se mostrou bastante complicado já no primeiro semestre, com uma forte quebra na produção de milho na Região Sul do Brasil e na Argentina, o início da guerra na Ucrânia, a alta de preço nos mercados internacionais de milho e de trigo e o ciclo pós-covid, que acelerou o perfil da demanda em meio a uma logística ainda bastante lenta.

O analista esclarece que houve fortes altas no preço do petróleo, que motivaram ainda mais a demanda por milho para etanol nos Estados Unidos e no Brasil. “Tivemos também altas históricas nos preços dos fertilizantes balizando as commodities a preços elevados. O mercado esteve bastante tenso em relação a todas as variáveis e uma safra norte-americana e uma safrinha no Brasil dentro da normalidade foram muito necessárias, uma vez a primeira metade do ano foi marcada por valores recordes no mercado doméstico”, pontua.

Por conta da quebra na safra de verão, Molinari ressalta que foi necessário realizar importações da Argentina para suprir o abastecimento nacional na primeira metade do ano. “Outro diferencial no primeiro semestre foi o forte volume de milho embarcado pelo Brasil, algo não tradicional, que levou em conta a forte alta nos preços internacionais e o espaço deixado nos portos do Sul do Brasil pela quebra na safra de soja”, destaca.

Os preços do milho subiram significativamente ao longo dos seis primeiros meses do ano. No cenário internacional, as cotações na Bolsa de Chicago atingiram máximas históricas não vistas desde 2012 devido à guerra entre Rússia e Ucrânia e as perdas de produção na América do Sul. Já no Brasil os preços foram recordes, em linha com o quadro externo, agravado pela perda na safra de verão.

Quadro externo se acomoda no segundo semestre, mas preços na Bolsa de Chicago seguem em patamares altos

Molinari enfatiza que, mesmo tendo colhido uma safra menor que a esperada, a entrada do cereal norte-americano no mercado, a melhoria do fluxo de milho da Ucrânia e a baixa nos preços do petróleo, fizeram com que o quadro externo se acomodasse, apesar dos preços seguirem em patamares historicamente recordes para o período na Bolsa de Chicago.

No que tange aos demais players do mercado, o analista destaca que a Argentina atingiu rapidamente o seu registro de exportação, de 36 milhões de toneladas e, depois, o país se manteve fora das novas vendas. A Ucrânia seguou com dificuldades no mercado de milho por conta da guerra e exportou aquilo que foi possível em 2022. “Já a China se manteve praticamente ausente do mercado internacional no segundo semestre, por estar colhendo uma safra recorde. Assim, deverá precisar de poucas ações de importação em 2023”, analisa.

Molinari lembra, porém, que, mesmo devendo fechar o ano com exportações menores se comparadas a 2021, os estoques de milho nos Estados Unidos continuam muito baixos, o que abriu espaço para o Brasil. “A quebra de safra na Europa e a demanda global forte trouxeram um forte impacto nas exportações brasileiras de milho, atingindo patamares recordes, acima de 45 milhões de toneladas. Essa forte demanda para o milho nacional, com preços alinhados ao cenário externo, ajudou a evitar pressões maiores nos preços internos”, finaliza.

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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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