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Ações da Marfrig disparam e BRF fecha em leve alta após anúncio de fusão, balanços e proventos

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As ações da Marfrig (MRFG3) dispararam mais de 21%, cotadas a R$ 25,07 no pregão desta sexta-feira, após a empresa anunciar que vai incorporar a totalidade das ações da BRF não detidas pela companhia, formando a MBRF, uma empresa global do setor de carnes e alimentos processados com receita de R$ 152 bilhões. A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF detida. A ação da BRF (BRFS3) também fechou em leve alta (+0,77%), após operar parte do pregão em queda, a R$ 20,78, após cair mais de 6% no início do pregão.

Na noite de ontem (15), as duas empresas também divulgaram seus resultados do primeiro trimestre, a distribuição de R$ 3,5 bilhões em dividendos e/ou juros sobre capital próprio pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig, a ser deliberado após o pagamento do exercício do direito de retirada de eventuais acionistas dissidentes.

A Marfrig já possui 50,49% de participação na BRF. A primeira aquisição de uma fatia na BRF pela companhia ocorreu em maio de 2021, quando a empresa declarou que seria um investidor passivo. A proposta de fusão será submetida à aprovação das assembleias gerais extraordinárias de Marfrig e BRF em 18 de junho de 2025.

A XP disse que vê a aprovação como certa, uma vez que a Marfrig deverá votar em ambas as assembleias, mas as sinergias operacionais anunciadas (R$ 805 milhões) ficaram abaixo da expectativa de seus analistas. “Segundo nossas estimativas, os minoritários da BRF deteriam 42,9% da nova companhia (MBRF), os minoritários da Marfrig ficariam com 15,6%, e o acionista controlador da Marfrig passaria a deter 41,4% uma redução relevante frente aos atuais 72,6% de participação na Marfrig”, estima.

“Apesar da complexidade e estágio inicial, e dado que a operação já era amplamente antecipada, vemos o anúncio como positivo com viés favorável à Marfrig e projetamos uma forte reação positiva para as ações da MRFG, com queda nas ações da BRFS no pregão de hoje. Ambas as companhias anunciaram dividendos condicionados à operação (BRFS R$ 3,52 bilhões; MRFG R$ 2,5 bilhões), o que implica que acionistas dissidentes perderão direito ao recebimento. Estimamos que a nova companhia (MBRF) negocie a 5,2x EV/EBITDA (ou 5,5x ex-sinergias) em 2025”, resumiu a XP.

Em relação ao 1T25 das companhias, a XP considera que apesar dos números principais mais fracos, a Marfrig reportou resultados acima das suas expectativas. “Do lado positivo, as operações da América do Sul seguiram entregando margens de dois dígitos, mesmo em meio à sazonalidade mais fraca, refletindo a estratégia da Companhia de aumentar a participação de produtos processados no mix. Por outro lado, a margem da National Beef (carne bovina nos EUA) ficou próxima do breakeven, em um trimestre desafiador ainda que levemente melhor do que projetávamos.”

Os números da BRF também superaram as projeções da XP. “A BRF reportou um 1T25 acima das expectativas, marcando um início de ano sólido: receita líquida de BRL 15.5bn (+16.0% YoY e -3% vs. XPe) e EBITDA ajustado de BRL 2.75bn (+30.0% YoY e +6% vs. XPe). Apesar da sazonalidade e de diferenças no mix de produtos, os preços médios se mantiveram estáveis QoQ e cresceram YoY, mais do que compensando a alta de custos no Brasil. No Internacional, o bom desempenho das demais regiões compensou a fraqueza na Turquia. A geração de caixa foi robusta, alcançando BRL 1.3bn acima das nossas estimativas e marcando uma melhora relevante em relação ao 1T24. A alavancagem caiu para uma mínima histórica de 0.54x ND/EBITDA, o que permite à Companhia manter sua agenda de crescimento e viabilizar o pagamento do dividendo extraordinário alinhado à proposta de fusão com a Marfrig (link). Apesar do sólido desempenho operacional, esperamos que o price action de amanhã esteja mais correlacionado à notícia da fusão.”

A BB Investimentos avalia que a aprovação, pelo Conselho de Administração, da incorporação da BRF pela Marfrig é positivo para os seus acionistas. “Diferentemente da visão que temos sob a ótica dos acionistas da BRF, enxergamos o movimento como positivo para os acionistas da Marfrig desde o início, considerando que a companhia resultante da combinação dos negócios (MBRF) fortalece sua presença global e de diversificação de proteínas, elevando sua participação na companhia que está contribuindo com a maior rentabilidade para o resultado operacional. No longo prazo, conforme seja observada a captura de sinergias ora divulgadas, poderemos ver novo destravamento de valor para os acionistas, bem como a redução da alavancagem financeira”, explicam seus analistas.

Eles também enxergam potencial criação de valor com a fusão e futura listagem das ações em bolsa norte-americana, em linha com o movimento que a JBS está adotando no momento, o que compensaria os riscos ora vislumbrados para os acionistas da MBRF. “A Marfrig destacou que esse movimento societário pode promover sinergias operacionais, financeiras e estratégicas que incluiriam: redução de custos no montante de R$ 485 milhões por ano, em função de aceleração de oportunidades de cross-selling (venda cruzada) e sinergias na cadeia de suprimentos; redução de despesas no montante de R$ 320 milhões por ano, decorrente de sinergias em estrutura comercial, logística e corporativa, e otimização fiscal no montante de R$ 3 bilhões a valor presente líquido”, listou a BB-I.

Em relação ao resultado da Marfrig no 1T25, a BB-I avaliou como neutro, pois veio majoritariamente em linha com as expectativas do mercado e foi pressionado pela operação na América do Norte. “As ações MRFG3 acumulam alta de 21,3% em 2025 até ontem (15), o que coloca o preço corrente muito próximo do nosso preço-alvo para o final de 2025 de R$ 20,60, após incorporarmos em nosso modelo financeiro maior pressão advinda das operações de carne bovina, enquanto ainda vislumbramos um cenário positivo para as proteínas de aves e suínas”, comentaram.

Assim, a BB-I reforça a recomendação de compra em MRFG3 até incorporar os novos eventos societários e revisar o preço-alvo, atualmente em R$ 20,60.

Em relação ao 1T25 da BRF, os analistas do BB-I consideraram “sólidos resultados referentes ao 1T25 apresentados pela BRF, com forte rentabilidade nas operações do Brasil e nas operações Internacionais”. “As ações BRFS3 acumulam queda de 19% desde o início do ano até ontem (15). Em nossa visão, esse desempenho não reflete a sólida performance operacional que a BRF tem reportado ao longo dos últimos trimestre, bem como as perspectivas positivas para o mercado de proteína de aves e suínas, que vem desfrutando de uma demanda aquecida tanto no mercado interno, quanto no mercado externo, o que tem sido mais do que o suficiente para compensar o incremento de custos e elevar a rentabilidade”, opina.

Já em relação à incorporação pela Marfrig, o BB-I entende que, “em termos de fundamentos prospectivos, esse movimento é negativo para o acionista da BRF, que se torna acionista de uma companhia com maior alavancagem financeira e exposição a proteína bovina na América do Sul e na América do Norte, operações com rentabilidade inferior aos negócios da BRF neste momento”, avalia.

Contudo, no longo prazo, mantém a visão positiva sobre a operação, considerando os mesmos aspectos citados para a Marfrig, citando que “a potencial listagem das ações em bolsa norte-americana, em linha com o movimento que a JBS está adotando no momento, também tem potencial para destravar valos para os acionistas da MBRF (nova companhia criada), compensando os novos riscos incorridos pelos atuais acionistas da BRF”.

“No momento, considerando que a captura das sinergias implica em risco de execução e diante de um possível movimento de realização a ser adotado pelos acionistas da BRF, rebaixamos nossa recomendação para Neutra”, finaliza o BB-I.

O BTG Pactual disse que anunciará em breve atualizações sobre as estimativas e teses de investimento para BRF e Marfrig, atualmente classificadas como “neutro” para ambas as companhias, após anúncio da fusão. “Mantivemos classificações Neutras na Marfrig e na BRF por quase um ano, com base na visão de que o forte desempenho da BRF foi em grande parte impulsionado por um ciclo excepcionalmente favorável de frango um que esperávamos que eventualmente se normalizasse. Até agora, essa chamada não se concretizou. A demanda global permanece firme, enquanto a indústria de frango continua a lutar com o crescimento da oferta”, comentou o BTG. O resultado do 1T25 da BRF o quarto trimestre forte consecutivo apenas reforça essa dinâmica. Com base no mercado atual preços, acreditamos que a transação favorece a Marfrig em detrimento da BRF. Dito isto, uma vez que os preços convergirem para refletir a economia da entidade combinada, a NewCo deverá operar em um nível diferente. Uma diversificação mais ampla deverá conduzir a mercados mais estáveis margens, e embora o balanço continue alavancado, deverá ser altamente gerenciável.”

Já em relação à avaliação da NewCo, o BTG considera “uma discussão separada.” “Com base no último preço de fechamento, estimamos o múltiplo EV/EBITDA da MBRF para 2025E na faixa de 5,7x a 5,8x ou 5,4x a 5,6x incluindo as sinergias fiscais projetadas. Embora estas sejam avaliações muito menos exigentes do que antes do negócio, eles ainda implicam um prêmio em relação ao JBS uma comparação que achamos difícil de justificar. Dito isto, com uma estimativa de 38% da receita pós-acordo proveniente de alimentos preparados, a nova Marfrig poderia se beneficiar de algum suporte de avaliação.”

A Genial Investimentos disse que “embora o sentimento tenha sido de que o resultado veio em linha com as nossas expectativas, com uma margem ebitda de 8,3%, por outro lado, o que fará preço será o anúncio de que a Marfrig ofertou comprar os 49,5% restantes das ações da BRF”.

Na mesma linha, disse que os números da BRF “vieram, em geral, acima do esperado” e que “o grande destaque positivo está na rentabilidade, diante de uma expansão de margem mais forte do que projetado por nós (+1,0p.p. vs. Genial Est.) e pelo mercado (+1,2p.p. vs. consenso BBG)”, mas que “o que deve centralizar o humor dos investidores na seção de negociações de hoje será o anúncio, que ocorreu em conjunto com o release dos resultados ontem à noite (15 de maio), de que a Marfrig que já era a controladora desde abril de 2022 ofertou comprar os 49,5% restantes das ações da BRF, chegando à totalidade de 100% de participação e fechando o capital da BRF na B3”.

“A priori, o resultado do trimestre deve ter pouco peso na seção de negociações, com os investidores posicionados em BRF provavelmente avaliando como negativo a relação de troca de 0,85 ações ordinárias de emissão da Marfrig para cada 1 ação ordinária de emissão da companhia”, disse a Genial.

Para o Santander, a Marfrig apresentou resultados sólidos e dentro do esperado no 1T25, com ebitdaA consolidado de R$ 3,2 bilhões e margem ebitda de 8,3% em linha com a sua estimativa e do consenso. “Apesar de um aumento generalizado nos preços do gado, a empresa relatou forte desempenho nas divisões National Beef (EUA) e América do Sul. Mantemos nossa classificação Neutra, uma vez que os mercados do Brasil e dos EUA permanecem na fase negativa do ciclo da pecuária”, comentou.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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