Abril foi de quedas nos preços do café no mercado internacional

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     Porto Alegre, 29 de abril de 2022 – O mercado internacional de café teve um mês de abril de quedas nas cotações no balanço do período. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica e também na Bolsa de Londres para o robusta houve pressão pelo cenário global financeiro preocupante, com dólar firme contra o real e outras moedas, e pelos fundamentos com a entrada da safra brasileira, agora em período de colheita.

     O “combo financeiro internacional” acaba forçando um realinhamento no preço das commodities, afastando das máximas, e também influenciando negativamente o café na Bolsa de NY, como comenta o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach. ICE US. “A bebida também é pressionada pelo início da colheita da safra brasileira 2022. A perspectiva de desaceleração da atividade econômica na China, por conta do lockdowns, agitou os mercados mundiais, especialmente o segmento de commodities. A China, além da 2ª maior economia mundial, também é o principal comprador de commodities global”, lembra Barabach. Observa que um sinal negativo no gigante asiático acaba impactando diretamente esses produtos. 

     Assim, o índice CRB de commodities chegou a perder a linha de 300 pontos, recuperando na sequência. Mesmo assim, continua abaixo do pico de 316 pontos de meados de abril, lembra o consultor. Já o petróleo WTI recuperou a linha de US$ 100 e é negociado a US$ 102 o barril. “O comportamento das commodities em geral deve continuar influenciando as cotações do café no mercado internacional, particularmente nesse período de transição entre safras no Brasil”, observa Barabach.

     Outro ponto importante é a alta do dólar, que repercute a ideia de um Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano) mais agressivo já a partir de maio, podendo elevar significativamente os juros. “Essa mudança de postura da autoridade monetária norte-americana deve levar a uma alteração no fluxo financeiro internacional, refletindo sobre o mercado de câmbio global”, adverte. Assim, o dólar deve ganhar força frente às outras moedas, com destaque às emergentes, o que favorece o viés de acomodação negativa para as commodities, indica. 

     No caso do café, Barabach indica que a posição Jullho/2022 perdeu a linha de 220 cents e agora busca acomodação em torno de 215 cents, mirando o fundo aparente em torno de 210 cents. “O avanço da safra brasileira pode ajudar o mercado a testar novos fundos no referencial externo”, avalia.

     No balanço mensal na Bolsa de NY, o arábica para julho no acumulado de abril até esta quinta-feira teve queda de 3,9%, caindo de 226,45 centavos de dólar por libra-peso ao final de março para 217,60 centavos neste dia 28 de abril. Na Bolsa de Londres, o robusta para julho caiu no balanço de abril 2,9%.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações caíram menos no balanço mensal no arábica. O dólar comercial subiu 3,8% no balanço do mês, dando suporte ao café em reais no país. A colheita está no começo no país e o produtor está resistente à venda.

     No balanço de abril, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, caiu de R$ 1.240,00 para R$ 1.230,00 a saca na base de compra, queda de 0,8%.

     Já o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, subiu 1,3% no balanço do mês até este dia 28, passando de R$ 795,00 para R$ 805,00 a saca. “A indústria doméstica, especialmente de torrado e moído, continua ativa, com os mais necessitados se mantendo bem agressivos para sensibilizar o vendedor. Isso explica os preços firmes do conilon no físico interno, mesmo na entrada de safra. Nem mesmo o sinal negativo do terminal londrino para o robusta tem alterado muito esse comportamento, pelo menos por enquanto”, analisa Barabach.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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