Abril encerra com mudança no cenário, com preços do milho sustentados

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     Porto Alegre, 29 de abril de 2022 – O mês de abril foi marcado por quedas nas cotações do milho no mercado brasileiro em grande parte do período. No balanço mensal, porém, os preços ficaram mistos, variando de região para região. Até um pouco mais da metade de abril, as cotações caíam em praticamente todas as regiões, refletindo ainda a maior oferta com o produtor vendendo mais o cereal. Mas, abril terminou com uma mudança de cenário, com melhor sustentação e reação das cotações.

     Ao longo de grande parte de abril, o produtor seguiu com maior disposição à venda do milho. Com os elevados preços da soja, os produtores preferiram segurar a oleaginosa e negociar o milho para buscar a capitalização necessária para despesas e custos, como estratégia. Isso pesou sobre as cotações do milho.

     Porém, houve uma mudança no quadro do mercado nos últimos dez dias de abril. Após cair no começo do mês, o dólar voltou a subir, dando suporte às cotações do milho nos portos para exportação, o que foi também dando sustentação ao cereal no mercado físico ao produtor, que passou a segurar um pouco mais a oferta. Além disso, o milho na Bolsa de Chicago reagiu forte em abril, acumulando no contrato julho até esta quinta-feira, dia 28, uma valorização de 11%, também sendo aspecto altista nos portos. Em Chicago, entre outros fatores, preocupações com o clima para o plantio, que está lento, em regiões produtoras e maior demanda pelo cereal para produção de etanol garantiram ganhos.

     Para completar, o clima para a safrinha voltou a preocupar. A “temporada” de chuvas terminou mais cedo em algumas importantes regiões produtoras agora em abril, com as últimas precipitações esperadas para o mês de bom volume não atingindo importantes áreas, como de Goiás e Minas Gerais. Isso contribuiu para o suporte aos preços, com retenção da oferta por parte dos produtores. Assim, as cotações do milho reagiram e recuperaram parte das baixas de abril em muitas regiões nos últimos dias do mês, e em algumas o balanço mensal ficou positivo.

     Entre baixas e altas, o dólar comercial no balanço do mês até o dia 28 acumulou alta de 3,8%, tendo fechado março em R$ 4,761 e chegado a 28 de abril no fechamento em R$ 4,94. Bom dizer que em 05 de abril o dólar chegou a cair para mínima de R$ 4,66, e no topo do dia 28 bateu na alta em R$ 5,01. A moeda americana passa por volatilidade diante do aumento esperado nos juros americanos, da crise com a guerra na Ucrânia, com lockdowns pela covid-19 na China e também por aspectos políticos e econômicos do Brasil em ano de eleições.

     No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF caiu na base de venda em abril até este dia 28 (quinta-feira) de R$ 98,00 a saca para R$ 94,00, baixa de 4,1%. Na região Mogiana paulista, o cereal avançou no comparativo de R$ 88,00 para R$ 91,00 a saca, alta de 3,4%.

     Em Cascavel, no Paraná, no comparativo mensal de abril, o preço subiu de R$ 90,00 para R$ 92,00 a saca, alta de 2,2%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação se manteve estável no comparativo em R$ 85,00 a saca. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, o preço no balanço caiu de R$ 97,00 para R$ 96,00, recuo de 1%.

     Em Uberlândia, Minas Gerais, o preço na venda em abril caiu de R$ 90,00 para R$ 83,00 a saca, queda de 7,8%. E em Rio Verde, Goiás, o preço na venda baixou de R$ 87,00 para R$ 85,00 a saca, baixa de 2,3%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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