Porto Alegre, 4 de abril de 2025 – Os produtores têm mantido o mercado brasileiro do feijão carioca sustentado ao limitar estrategicamente a oferta. De acordo com o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a valorização recente foi impulsionada pela escassez de grãos de alta qualidade, especialmente os de nota 9,5 de escurecimento lento, com preços em torno de R$ 325/sc CIF São Paulo e tentativas pontuais de elevação para R$ 330/sc.
“Apesar da firmeza dos vendedores, o mercado segue travado devido à seletividade dos compradores e à ausência de uma retomada consistente da demanda”, disse.
As negociações mais relevantes, segundo Oliveira, ocorrem no pós-pregão, refletindo um ambiente cauteloso, no qual agentes aguardam melhores oportunidades antes de fechar negócios. “A esperada reposição no varejo no início do mês não se concretizou totalmente, aumentando a incerteza. Além disso, a indefinição sobre o plantio da segunda safra 2024/25 pode impactar a oferta futura e os preços”, apontou.
Conforme o analista, com abril tradicionalmente mais movimentado, a evolução das cotações dependerá da capacidade do mercado em absorver novas altas. Ele relata que a resistência da demanda e a dificuldade dos produtores em ajustar estoques sem afetar os preços mantêm o setor em equilíbrio instável. “O comportamento dos compradores e possíveis estímulos ao consumo serão decisivos para a trajetória do mercado nas próximas semanas”, projetou.
Feijão preto
Já o feijão preto enfrenta baixa liquidez e demanda fraca, pressionado por estoques elevados da primeira safra 2024/25 e pela entrada da segunda safra. “Com muitas regiões operando abaixo dos custos de produção, o desestímulo ao plantio aumenta”, afirmou Oliveira. O também consultor de Safras & Mercado apontou que apesar disso, o feijão preto extra tenta manter preços entre R$ 190 e R$ 210 por saca, com suporte limitado pela reposição de estoques e melhora gradual do consumo.
No Rio Grande do Sul, a colheita da primeira safra está quase finalizada, com bons avanços nos Campos de Cima da Serra. A segunda safra avança com 10% colhido e 8% em maturação, sem impactos severos na produtividade. Com a oferta crescendo, a absorção pelo mercado será decisiva para evitar novas quedas nos preços.
O excesso de estoques e a falta de grandes compradores mantêm a pressão baixista. Como mais de 65% da segunda safra é dedicada à variedade, a exportação será essencial para equilibrar a oferta e sustentar preços, especialmente no segundo semestre.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA