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Forte volatilidade marcou 2025 para o café, com preços elevados no arábica e em queda no robusta

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Porto Alegre, 26 de dezembro de 2025 – A ampla volatilidade, que é tradicional, marcou o ano de 2025 no mercado internacional do café. O arábica na Bolsa de Nova York teve um balanço positivo nos preços, enquanto o robusta esteve mais fraco. O mercado físico brasileiro acompanhou o comportamento das bolsas, com os produtores terminando o ano dosando a oferta, com olhares para a safra de 2026.

 

 

O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, destaca a forte volatilidade, tarifas, interrupções no fluxo e preços valorizados em 2025. “A menor oferta de arábica, em função da quebra de safra no Brasil, foi o principal fator de sustentação das cotações ao longo do ano”, resume.

 

Ele observa que, na Bolsa de Nova York, o café arábica iniciou 2025 em forte alta, impulsionado pelos temores em relação ao abastecimento, pela queda dos estoques certificados e por fatores técnicos. Em fevereiro, o contrato chegou a ser negociado próximo de 430 centavos de dólar por libra-peso. Na sequência, porém, como indica Barabach, a chegada da safra brasileira e os sinais de aumento da produção mundial de robusta passaram a pressionar as cotações.

 

“O mercado também passou a antecipar, ainda em 2025, a expectativa de melhora na oferta global de arábica em 2026, refletindo um cenário climático mais favorável no Brasil. Em meio a esse otimismo — considerado exagerado, dado que a oferta disponível seguia apertada — o café recuou para a região de 277 centavos em Nova York”, comenta.

 

Contribuindo para a volatilidade, a imposição de tarifas pelo governo Trump, em especial a tarifa adicional de 40% sobre o café brasileiro, trouxe um choque de realidade ao mercado. “A medida alterou de forma significativa o comportamento do mercado, tirando os compradores da zona de conforto. Vale lembrar que, entre julho e outubro, o Brasil fica praticamente isolado na ponta vendedora global, uma vez que outras origens estão em entressafra ou fora do pico da colheita principal”, avaliou o consultor.

 

Nesse contexto, prossegue Barabach, as tarifas geraram forte desconforto para a indústria dos Estados Unidos, ao impedir, via custo tarifário, que o principal consumidor mundial comprasse café de seu maior fornecedor — responsável por mais de 30% das importações — justamente em um momento de escassez de alternativas.

 

“O desespero da indústria norte-americana se traduziu em preços mais elevados em outras origens, diante da postura compradora mais agressiva, movimento que acabou se refletindo também na tela de Nova York. A situação foi agravada pela queda dos estoques certificados em bolsa, alimentando um novo rali de alta”, comenta Barabach. Ressalta que a safra reduzida de arábica no Brasil em 2025 e o atraso das chuvas para as floradas da safra 2026 reforçaram esse movimento, levando os preços ao pico anual, próximo de 438 centavos por libra.

 

Depois, porém, o mercado passou por um longo período de espera até uma nova definição sobre as tarifas, cuja isenção total ocorreu apenas em 20 de novembro. “A decisão foi considerada tardia, uma vez que os estoques das indústrias norte-americanas já estavam bastante baixos e a temporada fria no Hemisfério Norte já havia começado. Além disso, a normalização do fluxo logístico exigia tempo, o que limitou o impacto imediato da retirada das tarifas”, coloca Barabach.

 

Nesse compasso, o ano vai chegando ao final com o café negociado em torno de 345 centavos em Nova York (fechamento de 24 de dezembro para o contrato março/2025), distante tanto dos picos quanto dos fundos. No acumulado de 2025, o contrato registra alta de cerca de 8%.

Para Barabach, no caso do café robusta, apesar de ter acompanhado os movimentos do arábica em alguns momentos, o mercado não sustentou a mesma força, reflexo de uma oferta mais ampla, com safras maiores no Vietnã, no Brasil e na Indonésia. “Isso se traduziu em uma ampliação significativa da arbitragem entre os contratos de Nova York e Londres ao longo do ano. O encarecimento relativo do arábica levou a indústria global a ajustar seus blends em favor do robusta, sobretudo em mercados emergentes — movimento que ficou bastante evidente também no mercado doméstico brasileiro”, aponta o consultor.

 

No balanço de 2025 até o fechamento deste dia 24 de dezembro, o robusta em Londres acumulou uma baixa em torno de 21,6% tomando por base o segundo contrato.

 

Mercado físico brasileiro

 

O mercado físico brasileiro também apresentou elevada volatilidade ao longo de 2025, acompanhando as oscilações das bolsas internacionais. “A oferta mais curta de arábica e a retração vendedora dos produtores atuaram como importantes fatores de sustentação dos preços”, avalia Barabach.

 

O câmbio, no entanto, deixou de ser um aliado ao longo do ano. Após encerrar 2024 em torno de R$ 6,16, o dólar passou a operar em patamares mais baixos em 2025, girando atualmente ao redor de R$ 5,50 e chegando a ficar abaixo de R$ 5,30 em parte do período. “A valorização do real reduziu a competitividade das exportações brasileiras, diminuindo o valor recebido em reais por dólar embarcado e exercendo pressão negativa sobre os preços internos”, comenta Barabach.

 

Como analisa Barabach, o café arábica bebida boa no Sul de Minas encerrou 2024 cotado a R$ 2.240 por saca de 60 kg. Em fevereiro de 2025, os preços atingiram o pico de alta do ano, sendo negociados entre R$ 2.750 e R$ 2.800 por saca. Com a entrada da safra, houve recuo para níveis abaixo de R$ 1.700 por saca. A diferença entre o pico e o fundo superou R$ 1.100 por saca no ano, reforçando a amplitude dos movimentos. Na sequência, o preço da descrição reagiu e atingiu R$ 2.420 a saca, repercutindo tarifas e retração vendedora, para depois se acalmar e encerrar o ano com preços praticamente estáveis – indicada, em 19 de dezembro, a R$ 2.230 a R$ 2.340 a saca.

 

“Ainda assim, 2025 foi um ano bastante positivo para os produtores, que, em geral, souberam administrar as vendas de forma escalonada, aproveitando janelas favoráveis de comercialização. A limitada disponibilidade de arábica deve continuar trazendo volatilidade e oferecendo sustentação ao mercado físico, ajudando a conter pressões baixistas”, observa o consultor.

 

No caso do conilon, segue avaliando Barabach, o café encerrou 2024 em torno de R$ 1.870 por saca e avançou para R$ 2.390 em fevereiro de 2025, acompanhando os temores relacionados ao abastecimento de arábica. Com a entrada da safra, os preços recuaram para cerca de R$ 985 por saca, mas voltaram a reagir diante da retração vendedora e do suporte do mercado externo, alcançando até R$ 2.360. O ano termina com o conilon operando ao redor de R$ 1.210 por saca, o que representa uma queda aproximada de 35% no acumulado anual, comenta o consultor.

 

“Diferentemente do arábica, ainda há volume expressivo de conilon nas mãos dos produtores, além do fato que a colheita de robusta inicia ante que o arábica. O conilon brasileiro perdeu competitividade no mercado externo, enquanto a indústria de torrado e moído doméstica opera em situação mais confortável de abastecimento”, conclui.

 

Maiores informações, análises e estatísticas estão disponíveis em www.safras.com.br, na Plataforma Safras.

 

Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News

 

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