São Paulo, 17 de novembro de 2025 – No terceiro trimestre de 2025 (3T25) a Cosan Corporativo totalizou um prejuízo de R$ 1,2 bilhão, uma variação negativa de R$ 1,5 bilhão versus o 3T24, em razão da menor contribuição de equivalência patrimonial, referente ao desempenho dos negócios, além do impacto negativo do resultado financeiro, explicou a empresa, no relatório divulgado na sexta-feira (14).
A Cosan Corporativo apresentou, no terceiro trimestre de 2025, equivalência patrimonial negativa de R$ 482 milhões. A redução de R$ 1,4 bilhão, quando comparado com o mesmo período de 2024, é explicada principalmente, pela menor contribuição (i) do segmento EAB na Raízen, devido a redução dos volumes vendidos de etanol e açúcar, além do efeito do impairment dos ativos que foram reclassificados para disponíveis para venda e (ii) efeito da saída da participação acionária da Vale. Quando analisado versus o 2T25, a variação de R$ 308 milhões ocorreu em razão da contabilização no trimestre anterior de indenizações do sinistro referente ao incidente na Moove no início de 2025, além do impacto negativo do resultado de EAB na Raízen no 3T25 e impairment conforme comentado acima.
No 3T25, a Cosan totalizou R$ 65 milhões em despesas gerais e administrativas, redução de R$ 49 milhões em relação ao 3T24. A variação positiva é explicada, principalmente, pela redução de custos associados ao Programa de Remuneração de Incentivo de Longo Prazo (ILP), refletindo a queda do preço da ação, além da recobrança das atividades realizadas pela holding de forma centralizada. O resultado da rubrica de outras receitas (despesas) operacionais da Cosan apresentou uma diminuição de R$ 13 milhões quando comparado com o mesmo período do ano anterior, devido ao maior volume de contingências em 2024 pela adesão ao programa de Litígio Zero.
A Cosan Corporativo encerrou o período com um custo da dívida bruta de R$ 840 milhões, aumento de R$ 387 milhões quando comparado com o 3T24, majoritariamente em razão do aumento da taxa de juros.
No 3T25, o rendimento de aplicações financeiras totalizou R$ 127 milhões, acréscimo de R$ 43 milhões em relação ao ano anterior, resultado do maior saldo de caixa e do cenário de juros mais elevado. O custo médio ponderado das dívidas da Cosan Corporativo ficou em linha com o 2T25, encerrando em CDI+0,89% a.a. vs CDI+0,88% a.a. no trimestre imediatamente anterior.
Os outros efeitos finalizaram o trimestre em R$ 146 milhões, variação positiva de R$ 6 milhões frente ao mesmo período de 2024. A redução dessa despesa reflete o menor impacto negativo da marcação a mercado do Total Return Swap de CSAN3 em 2025 em relação a 2024, parcialmente compensado pela variação de correção monetária sobre processos já existentes na linha de outros encargos e variações monetárias.
No trimestre, o resultado financeiro líquido somou uma despesa de R$ 858 milhões, R$ 337 milhões superior ao 3T24, refletindo a queda do dólar e a elevação da curva futura de juros, impactando a marcação a mercado nos derivativos, além do menor efeito de juros dos bonds. Quando analisado versus o segundo trimestre de 2025, a variação foi de R$ 201 milhões, explicado pelo impacto negativo da variação cambial nos derivativos referentes aos bonds.
No 3T25, a rubrica de imposto de renda e contribuição social foi impactada pela não constituição de imposto diferido e efeitos fiscais das diferenças temporárias, que originam partes significativas dos ativos e passivos fiscais diferidos da Cosan.
No acumulado do ano, o prejuízo alcançou R$ 3,9 bilhões, ante prejuízo de R$ 126 milhões de janeiro a setembro de 2024.
A receita operacional líquida de julho ao final de setembro caiu 8% no período, para R$ 10,6 bilhões, segundo o balanço.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) sob gestão da Cosan, que contempla (i) 100% dos resultados das investidas controladas e co-controlada, sendo Rumo, Compass, Moove, Radar e Raízen, ajustados por efeitos não recorrentes, quando aplicável, e (ii) ebitda referente ao investimento em participação na coligada Vale, via equivalência patrimonial, até o 4T24, totalizou R$ 7,4 bilhões entre julho e setembro deste ano, retração de 11% ante o mesmo intervalo de 2024. A maior contribuição veio da Raízen, com ebitda de R$ 3,3 bilhões, queda anual de 14%, seguido por Rumo, com R$ 2,3 bilhões, alta de 4%, Compass, com R$ 1,3 bilhão, 6% acima do 3T24, Moove, com R$ 360 milhões (-7%) e Radar, com R$ 106 milhões (-26%).
No ano, o ebitda sob gestão da Cosan ajustado, que exclui os efeitos pontuais incorridos nos trimestres, foi de R$ 16,8 bilhões, queda de 12% na comparação anual.
A dívida líquida do corporativo, somou no período R$ 18,2 bilhões, 4% maior quando comparado com o trimestre imediatamente anterior. O custo médio de dívida ficou em linha com o 2T25 em CDI+0,89%.
A alavancagem, medida pela relação dívida líquida por ebitda, encerrou o período em 3,7 vezes, alta de 0,3 vez quando comparado com o período imediatamente anterior, resultado da redução do ebitda dos últimos 12 meses e do aumento da dívida líquida. Na comparação anual, a alavancagem aumentou 1,2 vez.
Mensagem da administração
“Ao longo do 3º trimestre seguimos observando um ambiente macroeconômico desafiador no Brasil, com taxas de juros elevadas e com preços de commodities apresentando tendência de queda, juntamente com apreciação do real frente ao dólar. Ainda assim, o portfólio da Cosan trouxe resultados sólidos, evidenciando a resiliência dos negócios”, disse a diretoria da Cosan.
Por segmento, a empresa destaca que a Rumo apresentou crescimento no volume transportado, impulsionado pelo aumento do transporte de milho na Operação Sul e avanço da Operação Norte, com maior movimentação de carga geral (celulose, bauxita e combustíveis).
A Compass registrou maior volume de gás natural distribuído, resultado de novas conexões, temperaturas mais baixas contribuindo no residencial e o efeito da consolidação da Compagas no segmento industrial. Além disso, a Edge segue na estratégia de ampliação de atuação no mercado livre.
Quanto à Moove, a companhia registrou o reestabelecimento da capacidade volumétrica do negócio, com volumes vendidos praticamente estáveis frente ao mesmo período no ano passado, somado à evolução e otimização do novo modelo operacional e logístico.
A Radar registrou um trimestre capturando receitas dos arrendamentos conforme períodos passados.
O trimestre da Raízen, foi marcado por uma menor contribuição do segmento de EAB, o resultado reflete a menor diluição de custos e a redução nos volumes comercializados em relação ao ano anterior, somados ao desempenho conjunturalmente mais fraco da operação de Distribuição de Combustíveis na Argentina. Esses impactos foram parcialmente mitigados pelo avanço da Distribuição de Combustíveis no Brasil e pelos ganhos de eficiência decorrentes da revisão das estruturas organizacionais e do rigor no controle das despesas.
A empresa também ressaltou que, finalmente, em Cosan, celebrou o acordo de acionistas entre Aguassanta, BTG Pactual Holding e Perfin Infraestrutura, bem como a estruturação das ofertas públicas primárias de ações visando fortalecer a estrutura de capital e reduzir o endividamento da holding.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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