Porto Alegre, 28 de abril de 2025 – O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse hoje, durante o J.Safra Macro Day, que a diretoria da instituição segue bastante incomoda com as expectativas desancoradas. “A inflação corrente permanece acima da meta e com expectativas desancoradas”, frisou.
Galípolo destacou que a economia continua com resiliência e dinamismo e que esse comportamento demanda vigilância “naquilo que é o nosso mandato principal, que é a inflação corrente e buscar a convergência para a meta”. Segundo ele, a economia brasileira está dando sinais ainda incipientes de desaquecimento.
O presidente do BC destacou o esforço grande feito de avançar para o terreno contracionista com segurança. “Estamos em um processo de mensurar o quão contracionista é necessário. Precisamos de dados para reunir confiança de que a inflação está convergindo e a política monetária está tendo os efeitos desejados”, completou.
Ele reiterou que o BC quer reunir o máximo de variáveis para que o processo desejado tenha resultado e evitou apontar um ponto específico que esteja orientando essa decisão. “Queremos entender por quanto tempo em em que patamar precisamos deixar a taxa de juros para atingir a meta”, disse.
Galípolo disse que um dos desafios neste momento é normalizar a política monetária. Segundo ele e apontando o fato da taxa de juros real estar “namorando” os dois dígitos mesmo com a economia crescendo, a fluidez dos canais de transmissão no Brasil não funciona como em outras economias. “O que tem demandado doses maiores do remédio para se obter o mesmo efeito”.
O cenário externo ainda vai causar muita movimentação e demandar cautela do Banco Central. Na avaliação de Galípolo, este cenário se torna ainda mais desafiador para os países emergentes. “É do exterior que tem vindo a maior parte do fluxo de informações que tem afetados os ativos”.
O presidente do BC destacou que o Comitê de Política Monetária (Copom) foi feliz na sua última comunicação e que o comunicado e a ata passaram bem pelos últimos quarenta dias. “Fomos felizes também na atualização do balanço de riscos de janeiro”, completou Galípolo.
Segundo o presidente, a volatilidade externa trouxe aversão ao risco, mas com dúvidas sobre qual ativo buscar proteção. “Eu daria um peso maior ao que ocorreu com o mercado de títulos, que trouxe a ideia de que alguém teria que ceder”, apontou. A partir daí, os movimentos de Trump, do presidente do BC americano, Jerome Powell, e do governo chinês passaram a centralizar as atenções. “A pressão cresceu para cima do Fed para ver se iria ‘pisca’ algo sobre a política monetária”.
Segundo Galípolo, neste momento ninguém quer fazer revisão num cenário de tamanha incerteza. “O mais perene é o sentimento de quebra de confiança e elevação da incerteza. O quadro sugere alternativas que faziam pouco sentido para aliados históricos dos Estados Unidos”, completou.
Para ele, a profundidade do mercado americano hoje é praticamente impossível de ser substituída e que alternativas demandariam algo que não é tão simples. Para ele, o Brasil pode ganhar espaço neste contexto, através das exportações de commodities.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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