Porto Alegre, 21 de março de 2025 – A área cultivada com feijão segunda safra em 2024/25 no Brasil será reduzida em 5,11%, passando de 1,53 milhão para 1,45 milhão de hectares. A estimativa parte do analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
Ele apontou que o Sul deve registrar as maiores quedas, com destaque para o Rio Grande do Sul com queda de 40,2% e o Paraná com baixa de 17,8%, afetando diretamente a produção. Em contrapartida, o Centro-Oeste seguirá em expansão, com aumento de 6,8% na área e 14,2% na produção.
Oliveira destacou que mesmo com a redução da área plantada, a produtividade média nacional pode crescer 2,16%. Os rendimentos devem chegar a 1.031 quilos por hectares, o que limita a queda na produção total, estimada em 1,497 milhão de toneladas (-3,07%).
“A segunda safra de feijão 2024/25 enfrentará desafios estruturais e produtivos devido a fatores econômicos, climáticos e de mercado. A retração na área plantada e os impactos climáticos indicam um cenário de produção ajustada”, indicou.
Segundo o analista, a estiagem prevista nos próximos meses preocupa, especialmente no Sul e em partes do Centro-Oeste. O déficit hídrico já compromete lavouras no Paraná e Minas Gerais, reduzindo o potencial produtivo. Em contrapartida, chuvas mais intensas no Centro-Oeste e Sudeste impulsionaram a produtividade, amenizando perdas.
Destaques regionais
No Centro-Oeste, o aumento na produtividade será expressivo, ultrapassando os 20,9%. O Goiás e o Mato Grosso do Sul serão destaque, com altas de 24% e 37,8% .
No Sudeste, o crescimento na produtividade será de 6,9%, impulsionado por São Paulo (+5,7%) e Espírito Santo (+6,7%). Já no Sul, apesar da redução na área, leve alta na produtividade (+1,8%) ameniza as perdas.
“Além dos desafios produtivos, o setor enfrenta dificuldades comerciais, com demanda interna fraca e exportações desaquecidas devido aos preços internacionais mais baixos. Isso exige estratégias comerciais mais eficientes para evitar impactos financeiros aos produtores”, explicou Oliveira.
De acordo com o consultor, com a retração da produção nacional, os preços internos podem se sustentar, principalmente se houver recuperação da demanda. No entanto, oscilações cambiais e estoques disponíveis, sobretudo de grãos comerciais, serão fatores-chave para a dinâmica do mercado.
Principais pontos de atenção:
• Clima como fator crítico: Produção dependerá das chuvas nos próximos meses.
• Expansão do Centro-Oeste: Consolidação como polo emergente exige adaptações logísticas e comerciais.
• Possível pressão sobre os preços: Oferta ajustada pode sustentar os preços do feijão carioca e favorecer a recuperação do feijão preto.
• Necessidade de estratégias comerciais eficientes: Menor demanda interna e exportações fracas exigem planejamento para evitar prejuízos na temporada.
Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Safras News
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