Porto Alegre, 7 de março de 2025 – A guerra comercial ganhou novos contornos durante o período do feriado de Carnaval no Brasil, após a China impor uma retaliação de 10% a 15% sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo a soja, em resposta às novas taxas anunciadas por Donald Trump.
“Esse movimento deve redirecionar a demanda chinesa para a América do Sul, uma vez que o Brasil é o principal fornecedor global do grão”, projeta o analista e consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira. “Com a nova tarifa, a soja dos Estados Unidos se torna menos competitiva no mercado internacional, desestimulando as compras chinesas e beneficiando, sobretudo, os negócios com o Brasil”, explica.
Vale lembrar que grande parte das compras sazonais entre China e Estados Unidos já foi realizada. “Ainda assim, uma redução na demanda chinesa pelo produto norte-americano tende a elevar os estoques finais do país, o que é um fator negativo para a Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT)”, pondera o consultor.
A China está ciente de que o Brasil atravessa uma supersafra, o que torna essa estratégia ainda mais eficiente. “Ao reduzir as compras de soja norte-americana, Pequim aproveita os preços mais baixos do Brasil, garantindo o abastecimento de seus estoques sem dificuldades”, comenta o analista. “O resultado dessa dinâmica é uma pressão de baixa sobre os contratos futuros em Chicago e uma tendência de melhora nos prêmios da soja brasileira até o final do ano”, finaliza.
Comercialização
A comercialização da safra 2024/25 de soja do Brasil envolve 42,4% da produção projetada, conforme relatório de Safras & Mercado, com dados recolhidos até 7 de março. No relatório anterior, com dados de 7 de fevereiro, o número era de 39,4%.
Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 36,6% e a média de cinco anos para o período é de 48,8%. Levando-se em conta uma safra estimada em 174,88 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 74,12 milhões de toneladas.
Dylan Della Pasqua e Rodrigo Ramos / Safras News
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