Outubro de baixas para o café nas bolsas com floradas e clima mais favorável no Brasil

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     Porto Alegre, 01 de novembro de 2024 – O mercado internacional de café teve um mês de outubro de baixas nos preços no balanço do período. Tanto o arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) quanto o robusta na Bolsa de Londres recuaram em seus valores principalmente com as notícias de abertura de boas floradas no Brasil, com vistas à safra 2025, e com o clima com chuvas mais regulares e favoráveis no país.

     O mercado teve altas recentes e atingiu em NY os patamares mais elevados em 13 anos refletindo todas as preocupações com a safra 2025 do Brasil, em um ano de 2024 de altas temperaturas e prolongada estiagem. Foi construída uma proteção climática. Naturalmente, quando as chuvas voltaram e houve as floradas, o mercado perdeu parte desses ganhos construídos.

     As floradas e chuvas mais regulares que agora se consolidam, favorecendo o pegamento dessas floradas, trazem um cenário mais otimista em relação ao tamanho da produção 2025 do Brasil. Porém, persiste o sentimento de que já há uma quebra do potencial produtivo para o próximo ano devido às condições climáticas desfavoráveis em 2024.

     Como aspecto ainda de pressão sobre as cotações nas bolsas, o final do ano marca a entrada da safra de robusta do Vietnã e colheitas também em origens importantes do arábica, como os países centro-americanos e a Colômbia. Ainda que haja preocupações com perdas produtivas no Vietnã, por exemplo, que também teve um ano de clima complicado e seco, a sazonalidade da colheita em importantes origens traz um componente negativo para as cotações.

     O dólar em alta contra o real no mês e também firme contra outras moedas foi outro aspecto baixista. O dólar comercial no Brasil acumulou alta de 6,1%. O país vem exportando volumes recordes de café e em outubro o desempenho também é muito sólido, com o dólar elevado trazendo ainda mais competitividade às exportações brasileiras, fator também baixista para os preços nas bolsas.

     Novembro deve manter-se como mês de atenções no clima no Brasil, nas colheitas dos países produtores, no fluxo das exportações e também nas instabilidades no mercado financeiro global. Vale lembrar que as eleições americanas ocorrem em 5 de novembro, e ainda há as volatilidades envolvendo movimentos de taxas de juros, que sempre mexem com as commodities.

     No balanço mensal na Bolsa de NY, o arábica para dezembro/2024 no acumulado de outubro teve baixa de 9%, recuando do fechamento do último dia de setembro de 270,25 centavos de dólar por libra-peso para 245,90 centavos nesta quinta-feira (31/10). Em Londres, a perda acumulada do robusta no contrato janeiro foi maior, chegando a 16,4% no período.

     No mercado físico brasileiro de café, houve um comportamento distinto entre o arábica e o conilon. No balanço mensal, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu de R$ 1.480,00 ao final de setembro para R$ 1.530,00 a saca no último dia de outubro, acumulando alta de 3,4%. Isso é explicado pela compensação da alta do dólar e pela retração na oferta por parte do vendedor, em um mercado que segue demandado para exportação e também internamente para o setor industrial.

     Já o conilon sentiu o peso das baixas mais fortes do robusta na Bolsa de Londres, na comparação com o arábica em NY, e também refletiu questões de oferta e de procura. Ainda assim, o conilon no Brasil caiu bem menos que o robusta em Londres, sinalização também de que a alta do dólar ofereceu suporte. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu 5,9% no balanço do mês de outubro, passando de R$ 1.515,00 para R$ 1.425,00 a saca na base de compra.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News

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