Clima esteve no foco do mercado de trigo em outubro; preços variaram pouco no Brasil

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Técnico avalia lavoura de trigo
Crédito: Gabriel Nascimento / Safras News

Porto Alegre, 1o de novembro de 2024 – Em um mês em que o comportamento climático esteve no foco das atenções, os preços do trigo encerraram praticamente inalterados em relação a setembro. No Paraná, a média FOB nas principais regiões produtoras foi de R$ 1.463 por tonelada, com uma leve queda de 0,5% em comparação ao fechamento do mês anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo milling fechou outubro com uma cotação nominal de R$ 1.220 por tonelada, correspondendo a um aumento de 1,2% em relação ao mês anterior.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, os vendedores têm priorizado a negociação de grãos de qualidade inferior. No mercado FOB interior, o trigo feed teve negócios reportados em torno de R$ 1.050 por tonelada, enquanto, sobre rodas, no porto de Rio Grande (RS), a indicação é de R$ 1.220 por tonelada.

“Enquanto no Paraná, com a quebra de safra, os preços serão orientados pela paridade de importação, no Rio Grande do Sul, onde há um excedente em relação ao consumo local, será a paridade de exportação que norteará as cotações. Outra conta que é levada em consideração é o custo das transações entre os dois estados. Atualmente, para chegar ao mesmo valor que o trigo paranaense chega à capital do estado, o trigo gaúcho, com frete e ICMS, teria que ser vendido no FOB interior próximo a R$ 1.205/tonelada, ou 1,6% abaixo do preço indicado no final do mês”, disse o analista.

Conab

A colheita das lavouras de trigo da safra 2024 atingiu 56%da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 27 de outubro. Na semana anterior, a ceifa estava em 47,7%. Em igual período do ano passado, o número era de 67,0%.

Paraná

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 91% da área estimada de 1,146 milhão de hectares. Ela deve ficar 18% abaixo dos 1,392 milhão de hectares cultivados em 2023.

Segundo o Deral, 50% das lavouras apresentam boas condições, 36% situação média e 14% ruins, entre as fases de frutificação (10%) e maturação (90%). No dia 21 de outubro, a colheita tinha 87% dos trabalhos concluídos, com 47% das lavouras em boas condições, 37% em situação média e 16% ruins, nas fases de frutificação (16%) e maturação (84%).

Rio Grande do Sul

A colheita de trigo atinge 48% da área no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, na semana passada, os trabalhos ainda não chegavam a 29%. Em igual momento do ano passado, eram 59%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 49%.

Os trabalhos prosseguiram em ritmo acelerado, já que os produtores estenderam os turnos, visando antecipar as chuvas previstas para 24/10, quando a operação foi temporariamente suspensa. Em áreas de topografia mais plana, a interrupção prolongou-se nos dias subsequentes devido à persistência da umidade excessiva no solo.

A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista permanece em 3.100 kg/ha.

Argentina

A colheita de trigo atinge 7,7% da área na Argentina. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a produtividade fica em 1,17 toneladas por hectare. A projeção de produção segue em 18,6 milhões de toneladas. Em números absolutos, foram colhidas 537,9 mil toneladas ao longo de 482,036 mil hectares.

Ainda que as chuvas tenham melhorado a situação, a falta de umidade generalizada no Sul pode afetar os rendimentos, caso o quadro não mude no curto prazo.

As condições de cultivo se dividem entre boas (33%), médias (35%) e ruins (32%). Na semana passada, eram 38%, 30% e 32%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, eram 15%, 40% e 45%. Atualmente, 15% das lavouras estão em déficit hídrico, contra 40% na semana passada. No mesmo momento do ano passado, eram 45%.

A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Safras News


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