Porto Alegre, 19 de maio de 2023 – O mercado internacional de café, especialmente para o arábica, continua “andando de lado”, sem força para maiores avanços, com a posição julho na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) trabalhando entre as linhas de 180 e 190 cents na ICE US. Porém, o robusta na Bolsa de Londres atingiu os patamares mais altos em 12 anos, refletindo um aperto na oferta de curto prazo, enquanto a colheita do conilon no Brasil não deslancha e com disponibilidade limitada em outras origens, como Vietnã e Indonésia.
A commodity segue observando questões econômicas globais. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, os sinais do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) guiam os sentimentos em relação à evolução da curva de juros dos EUA, o que traz volatilidade ao mercado financeiro internacional. “E a oscilação no humor dos investidores acaba direcionando o comportamento do dólar, petróleo e do preço do café”, destaca.
Barabach comenta que, acompanhando o movimento do dólar e do preço de café, é nítido o caminho inverso. Nesses primeiros meses de 2023, a posição julho/2023 na ICE US subiu 12%, enquanto o dólar contra o real caiu 7%. “Nesse sentido, a perda cambial é compensada com folga pelo ganho na commodity dolarizada. Isso reforça a ideia de que a volatilidade de alta no preço de café no mercado internacional, nesse início de ano, está mais atrelada ao financeiro e a correções técnicas na curva de preços do que propriamente a mudanças na leitura fundamental do mercado”, avalia.
Ele ressalta que a correlação inversa normalmente marca a relação entre café em NY e o dólar contra o real. “Porém, mais recentemente, percebe-se que tanto o arábica nova-iorquino como o dólar assumiram um viés de baixa. O avanço da safra nova do Brasil começa a pesar do lado fundamental”, indica.
As curvas de preço do arábica em NY e do robusta em Londres reforçam as trajetórias distintas, aborda Barabach. Tomando como referência o pico de alta em setembro do ano passado, o arábica acumula baixa de 18% até agora. Nesse mesmo período o café robusta no terminal de Londres subiu 14%. Com isso, a arbitragem entre NY/Londres caiu para 69 cents e converge em direção à normalidade, depois do arábica alcançar ganhos de +150 cents em relação ao robusta ao longo de 2022, analisa. “O aperto na oferta de robusta ocorre diante da menor disponibilidade e da retranca dos vendedores no Vietnã com o avanço da entressafra. E os sinais de safra abaixo do esperado na Indonésia também traz sustentação às cotações do robusta no mundo”, conclui.
A oferta física de café mostra-se bastante limitada no Brasil e globalmente e isso garante suporte aos preços do conilon e do arábica no Brasil. Os vendedores esperam por reações nas cotações mesmo em meio à colheita, enquanto os compradores aguardam a evolução dos trabalhos e o crescimento na disponibilidade dos grãos.
Colheita
A colheita de café no Brasil alcança 9% da safra 2023/24 até o dia 16 de maio, segundo levantamento semanal de SAFRAS & Mercado. Segundo a SAFRAS Consultoria, a colheita começa a ganhar forma, com a melhora no andamento dos trabalhos com conilon e o início no arábica. “O clima mais seco ajudou a acelerar os trabalhos, especialmente em Rondônia”, destaca o consultor de SAFRAS. Houve avanço de 4 pontos percentuais em relação à semana passada. Os trabalhos estão ligeiramente abaixo de igual época do ano passado, quando o produtor havia colhido 10% da safra e aquém da média dos últimos 5 anos, que gira também em torno de 10% da produção.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS Copyright 2023 – Grupo CMA