O prêmio de exportação é um dos três principais fatores utilizados para a formação dos preços brasileiros de soja. Ao lado dos contratos futuros negociados em Chicago e do câmbio, o prêmio é fundamental para a formação diária dos preços internos, mas a compreensão do seu funcionamento é um pouco mais complicada do que a dos outros dois fatores.
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Primeiramente, devemos entender que o prêmio de exportação é definido, diariamente, em um mercado paralelo, que embora tenha ligação direta com as oscilações do câmbio e dos contratos futuros de Chicago, obedece diretamente a fatores ligados à oferta e à demanda da soja brasileira, tanto internamente quanto externamente.
O que é Prêmio de Exportação de Soja
Na prática, o prêmio é um valor – que pode ser positivo ou negativo – que é somado ao valor do contrato de referência em questão (contrato futuro, base Chicago) antes da conversão de dólares por bushel para reais por saca. Ou seja, é um valor que representa um ágio ou um deságio frente ao balizador internacional dos preços.
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Este ágio ou deságio irá refletir a oferta, a demanda e a logística do produto brasileiro que será destinado à exportação e que compete com o grão de outros grandes exportadores, como os Estados Unidos. Este “ajuste” no preço visa trazer equilíbrio à competição entre os principais exportadores, corrigindo distorções e alinhando vantagens e desvantagens derivadas da oferta para exportação.
Como seria sem a existência do prêmio de exportação
Sem o prêmio de exportação haveria uma disparidade entre os preços da soja dos principais países exportadores, o que traria um desequilíbrio à competição internacional. Nesse sentido, o prêmio pode ser considerado um fator inerente ao mercado, pois seus valores são definidos exatamente pela negociação entre os “players” importadores e exportadores de soja no mercado internacional, as chamadas “tradings”.
Conforme comentado, o prêmio sofre influência de vários fatores ao longo do ano, mas os dois principais são a oferta e a logística para escoamento dessa oferta.
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O fator oferta naturalmente traz uma sazonalidade para o prêmio, a chamada sazonalidade de entrada de safra.
Entenda a aplicação do Prêmio de Exportação no Preço da Soja
Oferta
A partir do momento que a colheita da safra de soja se intensifica no país (de fevereiro a maio), o prêmio de exportação tende a ser negociado em valores menores. Isso ocorre porque existe um volume muito grande de soja entrando no mercado brasileiro, sendo parte destinado para exportação e parte para esmagamento.
Como o volume é muito grande, o lado comprador tem muita oferta disponível, com muitos produtores querendo escoar suas produções. A famosa lei da oferta e da demanda nos mostra, em seu princípio mais básico, que quando existe mais oferta do que demanda, os preços tendem a ser mais baixos, visto que o comprador tem um maior “poder de barganha” na negociação, podendo até mesmo escolher de quem comprar.
Nesse caso, o ajuste no preço brasileiro é feito exatamente pelo prêmio, que recua devido ao excesso de oferta, puxando também o preço final da saca. Isso é sazonal, mas pode ocorrer de forma mais acentuada ou menos acentuada.
Uma safra cheia tende a acentuar esse movimento negativo, enquanto uma safra com problemas (produção menor do que o esperado) tende a levar a um movimento menos acentuado.
Além disso, uma grande quebra de safra pode levar até mesmo a um movimento contrário, o que nesse caso seria considerado uma distorção no mercado, pois quebraria a sazonalidade de entrada de safra. Nesse caso específico, o que explicaria essa distorção seria que, mesmo com o volume da nova safra entrando, as incertezas com relação ao tamanho da oferta disponível ao longo do ano levam a ponta compradora a estar disposta a pagar um prêmio maior para garantir suas compras.
À medida que o volume disponível vai sendo consumido ao longo dos meses, uma menor oferta vai restando até a entrada da nova safra. Essa menor oferta traz um efeito positivo para o prêmio, visto que os compradores agora terão um menor “poder de barganha”, havendo restrição de volumes por parte dos vendedores.
No Brasil, isso tende a ocorrer no segundo semestre do ano, visto que a próxima safra só começará a ser colhida a partir de janeiro do ano seguinte.
Logística
Complementando a questão da oferta, temos o fator logística. A logística influencia tanto positivamente quanto negativamente no prêmio de exportação.
Uma logística boa, com facilidade para coleta, transporte e entrega da soja de sua origem ao seu destino e traz uma influência positiva para o prêmio. Quanto maior for a facilidade para se escoar a produção, maior é a influência positiva da logística no prêmio.
No entanto, o contrário também é verdadeiro. Dificuldades logísticas, como oferta baixa de caminhões, problemas em ferrovias, excesso de chuvas na origem ou nos portos e engarrafamento nos portos são influências negativas da logística no prêmio, visto que os compradores irão querer pagar um prêmio mais baixo devido ao risco ou tendência de atraso na entrega do produto.
Da mesma forma que todos estes fatores influenciam o prêmio de exportação no Brasil, não podemos esquecer que parte dos movimentos do prêmio também depende de questões envolvendo a oferta e a demanda pela soja de nossos competidores internacionais na exportação e de nossos maiores compradores.
Embora o Brasil seja o maior produtor e exportador mundial de soja, os Estados Unidos também são grandes produtores e exportadores, competindo diretamente com as nossas vendas externas. A China, maior país importador de soja do mundo, divide suas compras principalmente entre Brasil e Estados Unidos ao longo do ano, de olho nas melhores condições de oferta e preço.
Dessa forma, quando há problemas de oferta em um desses países, o outro tende a ter uma maior demanda por sua soja, o que influencia positivamente o prêmio. Além disso, facilidade ou dificuldade logística em um desses países também influencia o prêmio do outro, ainda pelo lado da demanda.
Por último, problemas de recebimento de grãos na China ou até mesmo uma demanda chinesa menor tendem a influenciar negativamente o prêmio dos maiores países exportadores (Brasil e EUA).
Em suma, são muitas as variáveis que impactam diariamente o prêmio de exportação, mas entender a dinâmica desse fator é fundamental para compreender como se formam os preços e quais os rumos que eles podem tomar no futuro.
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