Na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), realizada em Tianjin, China, o presidente Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin apresentaram suas visões para uma nova ordem global de segurança e economia que privilegie o Sul Global, em desafio direto à influência dos Estados Unidos. Xi recebeu mais de 20 líderes de países não ocidentais e defendeu que a SCO promova a democratização das relações internacionais e maior representatividade dos países em desenvolvimento, afirmando que a governança global se encontra em um novo ponto de inflexão.
Durante o evento, Xi pediu oposição ao hegemonismo e à política de poder, em referência indireta à liderança norte-americana, e lançou sua “Iniciativa de Governança Global”, mais um de seus esforços para reforçar o protagonismo da China no sistema internacional. Embora sem detalhar medidas concretas, Xi enfatizou a importância de mercados de grande escala e destacou oportunidades econômicas nos setores de energia, ciência e inteligência artificial, buscando fortalecer a colaboração entre os membros da SCO.
Putin, por sua vez, defendeu que o grupo promova o multilateralismo genuíno e ressaltou o aumento do uso de moedas nacionais entre os países da SCO, o que pavimentaria um novo sistema de estabilidade e segurança na Eurásia. Ele comparou essa visão de segurança à dos modelos euro-atlânticos, defendendo que a iniciativa considere de maneira mais equilibrada os interesses de um número maior de países, sem permitir que um único Estado busque sua própria segurança em detrimento dos demais.
A China anunciou auxílio financeiro de 2 bilhões de iuanes (US$ 280,457 milhões) este ano para os membros da SCO e empréstimos adicionais para um consórcio bancário do grupo, bem como a criação de um centro de cooperação em inteligência artificial e convites para os países participarem da estação lunar chinesa. Xi também sugeriu a criação de um novo banco de desenvolvimento da SCO, como alternativa aos sistemas financeiros dominados pelo dólar norte-americano.
A cúpula reuniu também outros líderes do Sul Global, como o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, líderes da Ásia Central, Oriente Médio, Sul e Sudeste Asiático. O evento também serviu para melhorar as relações entre China e India, com Xi e Modi declarando que seus países são parceiros de desenvolvimento, não rivais, e discutindo formas de ampliar o comércio bilateral.

