Porto Alegre, 27 de dezembro de 2024 – O mercado físico de boi gordo se aproxima do final de 2024 com uma palavra-chave: volatilidade. Conforme o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, o ano foi definido por uma agressiva oscilação dos preços. O primeiro semestre foi marcado pelo clássico movimento, com as cotações mínimas sendo atingidas no segundo trimestre, período marcado pelo auge da safra do boi gordo.
Iglesias comenta que os abates foram um capítulo a parte no setor, com o ano de 2024 sendo pautado por um volume recorde, com destaque pela ampla participação de fêmeas. De acordo com dados de inspeção federal, estadual e municipal devem ser abatidos mais de 38,6 milhões de bovinos no ano, crescimento aproximado de 13% frente a 2023.
Mesmo com um abate tão amplo, os preços encontraram espaço para recuperação em boa parte do segundo semestre. O movimento foi bastante explosivo, com a arroba do boi gordo estabelecendo um novo ponto de máxima histórica. “Como seria possível altas tão explosivas em um ano de amplo abate? A resposta está na demanda. A quantidade de carne embarcada foi impressionante, também estabelecendo um recorde histórico, com aproximadamente 40% da produção brasileira destinada ao mercado internacional”, pontua.
No último trimestre de 2024, período de maior demanda, a volatilidade se destacou muito, com a arroba do boi gordo simplesmente desabando após atingir o pico de preços em novembro. “O estrangulamento da demanda doméstica justifica a queda tão drástica, pois com um cenário de maior dificuldade em relação às margens, as indústrias passaram a testar patamares de preço cada vez mais baixos”, explica Iglesias.
O analista ressalta que a dimensão do movimento de queda durante o primeiro semestre, mudando para uma recuperação agressiva no terceiro trimestre não podem ser considerados habituais. “O fato é que o mercado pecuário brasileiro ganhou dinamismo no decorrer desta década, exigindo estratégias coerentes capazes de proteger os agentes que participam do mercado da volatilidade”, sinaliza.
Para Iglesias, o ano de 2024 deixa a lição importante para a atividade pecuária de que o hedge se torna vital para que o setor consiga sobreviver perante um ambiente cada vez mais hostil e desafiador.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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