Porto Alegre, 13 de março de 2020 – O dólar comercial encerrou em alta de 1,02% no mercado à vista, cotado a R$ 4,8280 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento e pela primeira vez acima de R$ 4,80, em sessão de forte volatilidade no qual a moeda estrangeira chegou a exibir perdas de 2,7%. Os desdobramentos do coronavírus foram, mais uma vez, a principal notícia do dia.
Os Estados Unidos declarando estado de emergência do país, com a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmando que a Europa é o novo epicentro da doença, enquanto aqui, os números oficiais de casos confirmados se aproximam de 100. A equipe econômica do governo prometeu agir aos efeitos do vírus.
“As expectativas frente à um discurso positivo de Donald Trump [presidente norte-americano], no qual o anúncio de medidas de estímulo e reforço financeiro à economia eram aguardados, instalou uma trégua pontual nos mercados acionários, enquanto o dólar seguiu pressionado”, comenta o analista da Correparti, Ricardo Gomes Filho.
A moeda desacelerou a alta após Trump declarar oficialmente emergência nacional para aumentar a capacidade de governos locais e de hospitais e a enfrentar financeiramente o desafio de conter a disseminação da pandemia da doença no país.
“Entramos agora em uma fase diferente no combate ao coronavírus. O governo está removendo obstáculos para atender a população”, disse. Na prática, a emergência nacional abre as portas para que o governo norte-americano forneça cerca de US$ 50,0 bilhões em ajuda para combater o vírus, disse Trump.
Mais cedo, a OMS declarou que a Europa é o novo epicentro da doença, o que fez o euro exibir fortes perdas em relação ao dólar, fortalecendo a moeda norte-americano ante às principais moedas pares e de países emergentes. Aqui, os números avançam e a última atualização do Ministério da Saúde é de 98 casos confirmados, sendo 56 deles em São Paulo.
Na semana, marcada pela declaração de pandemia mundial da doença pela OMS, pela derrocada nos preços do petróleo e considerada a pior do mercado financeiro desde a crise de 2008 em meio à forte queda não apenas nos preços do barril e dos índices das bolsas ao redor do mundo, como também a forte depreciação de moedas de países emergentes, a moeda estrangeira acumulou valorização de 4,18%.
“Diante das incertezas e da volatilidade dos mercados, as reações dos países também se intensificaram, o que deve minimizar os impactos econômicos decorrentes da pandemia”, comenta a equipe econômica do Bradesco em relação à injeção de liquidez do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Na segunda-feira, os analistas reforçam que os desdobramentos do coronavírus devem, novamente, precificar os ativos. “Os preços do petróleo também seguem no radar”, diz o economista da Guide Investimentos, Victor Beyrutti. Na próxima semana, tem a decisão de política monetária do Fed e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para Beyrutti, o Fed deverá promover mais um corte da taxa de juros, enquanto o Copom deve ajustar a Selic de 4,25% para 4,00%.
“As decisões e os comunicados dos dois bancos centrais serão importantíssimos, principalmente, do Fed”, diz. Já o economista da Toro Investimentos, Rafael Winalda, pondera que, nesta semana, a curva de juros futura sofreu fortes oscilações ao longo da semana, chegando às mínimas e máximas permitidas nos pregões, assim como nos Estados Unidos.
“O que não nos deixa claro a magnitude dos cortes que os BCs podem promover. Aqui, com o número de casos confirmados do vírus subindo e se o Banco Central cortar a taxa de juros, a gente vai ver um dólar mais estressado nas próximas semanas”, reforça Winalda.
Com informações da Agência CMA.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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