Porto Alegre, 14 de maio de 2021 – A comercialização da safra brasileira de café de 2021/22, que está em colheita, até o último dia 13 de maio, atingia 34% do potencial de produção. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é superior a igual período do ano passado, quando girava em torno em 28% da safra. O fluxo de vendas também está acima da média dos últimos 5 anos para o período, algo como 21%.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, diz que os negócios com a safra brasileira 2021 avançam de forma bem compassada. “É que, apesar da disparada nas cotações, prevaleceu a cautela produtiva. A longa estiagem agravou a situação hídrica em áreas de café, colocando em xeque o potencial produtivo já baixo da safra 2021”, comenta. E isso acabou interferindo na decisão do produtor.
Além disso, observa o consultor, o produtor está capitalizado e bem vendido de safra BR-21. “Tende a administrar de forma mais compassada o seu fluxo comercial, especialmente nesse período de transição entre as safras. Deve continuar acompanhando o andamento da colheita e o perfil de qualidade da safra. Mas também segue apostando em um mercado de clima agitado diante do inverno brasileiro e, com isso, em novas oportunidades comerciais”, avalia.
A comercialização de arábica segue em destaque e alcança 41% da safra brasileira 2021, bem acima da média para o período, que gira em torno de 23% comprometido. “Essa a performance acelerada é garantida pelas posições acumuladas especialmente ao final de 2020 e no início de 2021”, diz Barabach.
Já as vendas antecipadas de conilon ganharam fôlego, mesmo com a safra já iniciada. “As chuvas dos últimos meses, especialmente no Espírito Santo. acabaram ampliando o período de dormência do grão e retardando a maturação, o que levou a um atraso na colheita. E nesse ano, os produtores capixabas firmaram muitas obrigações antecipadas com exportadores e indústrias locais. E, por isso tem destinado, boa parte, do pouco café que aparece no mercado à liquidação desses negócios”, pondera o consultor.
A disparada no preço do arábica fez a indústria doméstica procurar mais conilon, rivalizando com tradings nessa entrada de safra. Isso tudo explica vendas de 24% da safra 2021 de conilon, contra 15% em média para o período.
2020
Já as vendas da safra de café do Brasil 2020/21 (julho/junho), colhida ano passado, chegam a 93% até o dia 11 de maio, segundo SAFRAS & Mercado. As vendas evoluíram em 3 pontos percentuais em relação ao mês anterior e estão levemente atrasadas em relação ao ano passado, quando 94% da safra 2019/20 estava comercializada até então e acima da média dos últimos 5 anos para o período, que é de 91%.
Assim, já foram comercializadas 64,53 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de SAFRAS & Mercado, de uma safra 2020/21 de café brasileira de 69,5 milhões de sacas.
Segundo Gil Barabach, a puxada nos preços físicos de café acabou trazendo um pouco mais de liquidez ao mercado disponível brasileiro. “E as vendas só não andaram mais por conta das dúvidas produtivas em relação à safra brasileira 2021 e diante da aposta em um mercado de clima mais agitado esse ano”, comenta.
As vendas de arábica subiram para 91% da produção, ficando ligeiramente abaixo de igual período do ano passado (92%), mas acima dos 90% de média histórica. Já as vendas de conilon estiveram mais ativas e alcançam 97% da safra, contra 96% em igual período do ano passado e 94% na média.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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