São Paulo, SP – As vendas de aços planos em fevereiro contabilizaram alta de 4,7% sobre o mesmo mês de 2024, atingindo o montante de 321,8 mil toneladas, segundo dados apresentados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira. Em relação a janeiro, quando foram vendidas 320,3 mil toneladas, houve alta de 0,5%.
Em fevereiro de 2025, as compras de aços planos registraram alta de 7,8% perante ao mesmo mês de 2024, com volume total de 346 mil toneladas contra 321 mil toneladas. Frente a janeiro, as compras cresceram 1,2% em relação aos 341,9 mil toneladas no primeiro mês de 2025.
Para Carlos Jorge Loureiro, presidente do Inda, as usinas brasileiras estão com uma boa demanda, apesar de um mercado ainda retraído e inundado pela aço chinês. Ele ressaltou que com os preços atuais, não é possível no curto prazo um aumento da produção ou uma elevação nos preços. Loureiro também lembrou que a CSN tem comprado placas diante da parada de um de seus fornos.
Em número absoluto, o estoque de dezembro obteve alta de 2,3% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 1.059,7 mil toneladas contra 1.035,6 mil. O giro de estoque fechou em 3,3 meses.
As importações encerraram o mês de fevereiro com alta de 8,4% em relação ao mesmo mês de 2024, com volume total de 211,2 mil toneladas contra 241,5 mil. Comparando-se com janeiro de 2025, quando as importações chegaram a 241,5 mil ton, a queda foi de 12,5%. A China representou 80,5% das importações totais em fevereiro.
PROJEÇÕES
Para março de 2025, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 3,8% em relação a fevereiro.
Para 2025, a Ativa ainda vê com preocupação o elevado volume de importação de aço e a possível desaceleração da econômica do país, o que pode impactar os volumes vendidos. A corretora apontou ainda que, no curto prazo, o reforço das atuais medidas protetivas ou a criação de novas medidas antidumping ao aço chinês podem melhorar o ambiente para o setor.
ANTIDUMPING E TARIFAS DOS EUA
Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) reconheceu preliminarmente o dano causado à indústria nacional por importações de aços laminados a frio da China, mas recomendou que o caso prossiga sem aplicação de direitos antidumping provisórios.
Em nota, o MDIC ressaltou que a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) concluirá a investigação, ouvindo todas as partes e colhendo os elementos necessários para seu julgamento, antes da recomendação ou não de direitos antidumping definitivos”.
O presidente da Inda disse que a constatação do MDIC sobre o dumping chinês é importante, mas a falta de uma ação concreta para resolver o problema frustra as siderúrgicas nacionais. “O MDIC apenas aferiu aquilo que todos já sabiam. Diante dos custos do minério e do carvão, é claro que há dumping por parte do aço chinês”.
Sobre as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre o aço, Loureiro não acredita que no setor de placas sentirá um impacto negativo. “Há uma completa inexistência de placas nos EUA, por isso eles terão que continuar importando. O grande importador de placas nos EUA é a ArcelorMittal, e eu imagino que a matriz deve manter o mesmo volume de importação da sua filial brasileira. Já os produtos acabados devem sentir mais os efeitos das novas tarifas norte-americanas”, concluiu Loureiro.
Em nota, o MDIC disse que as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, relação de complementaridade mutuamente benéfica. O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA), insumo essencial para a própria indústria siderúrgica norte-americana.
“À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos. Vamos avaliar todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio.
Emerson Lopes – emerson.lopes@cma.com.br (Safras News)
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