Porto Alegre, 16 de setembro de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em fala durante a J.Safra Investment Conference 2025, que o arcabouço fiscal está funcionando conforme o previsto. “O limite de gastos está sendo respeitado pelo governo, que está disciplinado para garantir os investimentos necessários. Pretendemos cumprir a meta fiscal tanto em 2025 como em 2026”, completou o ministro.
Para isso, continuo o ministro, “dependemos da compreensão do Congresso, o que não tem faltado”. O ministro lembrou que o atual governo vem enfrentando uma erosão da receita e uma contratação de despesas. “Está contratação está sendo horada e termina no ano que vem”.
Haddad reiterou que a construção fiscal depende dos Três Poderes e que cada um tem dado a sua contribuição neste sentido.
O ministro reiterou o sentimento de que o PIB potencial do Brasil poderá crescer mais do que os 2,5% previstos pelo mercado neste ano. “Nosso potencial será maior, principalmente com a vigência da reforma tributária. O impacto dessa reforma será muito maior do que sem imagina e vão se fazer notar a partir de 2027”, disse.
Fernando Haddad disse que o país deve entrar em uma trajetória descendente de juros com sustentabilidade e o que o atual mandato será encerrado com o menor nível de inflação acumulado. Descartou um possível impacto inflacionário da reforma tributária, mas não sem uma acomodação “que terá efeitos positivos sobre a produtividade e competitividade da economia do país”.
Haddad afirmou que o ambiente federativo e entre os Três Poderes melhorou no atual governo, o que também contribuiu para o controle fiscal. “Não estamos mais ouvindo falar em pautas-bomba no Congresso”, exemplificou, classificando a recente renegociação das dívidas estatuais como um gesto importante em prol do ente federativo.
O ministro lembrou que o câmbio a R$ 5,30, bem abaixo das estimativas do início do ano, deve ter impacto notável e positivo sobre a inflação. “Tudo me leva a crer que o ciclo de corte na taxa Selic deve ter início nos próximos meses. O Brasil tem tudo para retomar um ciclo de desenvolvimento sustentável”.
Sobre investimentos, o ministro apontou a expectativa de entrada de recursos na construção de data centers, antecipando os efeitos da reforma tributária para garantir esse aporte.
Sobre o tarifaço americano, Haddad reiterou que esta é uma ação política e que não tem nada e econômico. “Temos déficit comercial com os Estados Unidos. Não havia motivo para o Brasil ter um tratamento diferenciado dos outros países da América do Sul”. O ministro disse que o convite ao diálogo está feito e que “não se pode usar a economia como instrumento ideológico”.
Haddad destacou ainda que o Brasil tem commodities de qualidade e que não está faltando comprador para o produto brasileiro.
O ministro repetiu considerar inaceitável o Brasil estar em os 10 países com maior desigualdade social. Garantiu que o objetivo do governo é encerrar o mandato cumprindo a promessa de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil. “O projeto ganhou impulso e força importantes. O compromisso do Congresso não será defeito. Penso que o compromisso com a neutralidade será mantido”.
Na avaliação do ministro, corrigir a desigualdade do país com a adoção do IVA e com a ampliação da isenção do IR é um bom caminho. “Podemos chegar até o final do ano com a boa notícia do projeto do IR aprovado”, concluiu, acrescentando que fazer ajuste fiscal sem crescimento econômico é difícil – “veja o exemplo da Argentina” – e que o Brasil tem condições de atrair investimentos e crescer com justiça social.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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