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Vale destaca redução dos custos e flexibilidade da cadeia estendida no 1º trimestre; ação cai

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São Paulo, 25 de abril de 2025 – A Vale divulgou na noite de ontem o balanço do primeiro trimestre de 2025, com lucro líquido aos acionistas recuando 17%, para US$ 1,39 bilhão, enquanto a receita líquida encolheu 4%, para US$ 8,12 bilhões. O Lucro Líquido Proforma foi de US$ 1,5 bilhão no 1T25, 13% menor em relação ao 1T24, devido, em grande parte, ao menor Ebitda Proforma e aos maiores impostos, relacionados ao efeito dos ativos de energia mantidos para venda.

Para o presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, o companhia teve um primeiro trimestre consistente e dentro dos objetivos traçados, com destaque para a redução dos custos e a flexibilidade da cadeia estendida. “Estamos vendo um bom momento na gestão de custos, com nosso C1 atingindo US$ 21/t, continuando a trajetória de queda ano a ano. Nossos projetos de geração de valor continuam a progredir, sendo elementos essenciais para aumentar a flexibilidade do nosso portfólio e melhorar a eficiência operacional e de custos”, apontou Pimenta, que ressaltou que os menores preços foram parcialmente compensados pela VBM e por um sólido desempenho dos custos, e que está confiante que a companhia alcançará o guidance deste ano após os dados operacionais do primeiro trimestre.

Durante a teleconferência na manhã de hoje, Pimenta destacou ainda que, na Vale Base Metals, os benefícios das iniciativas de revisão de ativos estão surgindo e a companhia está focada na captura dos ganhos. Além disso, Pimenta ressaltou que a minerado tem otimizado consistentemente o balanço por meio de soluções asset-light, como a transação que criou a joint venture estratégica na Aliança Energia, que também nos ajudará a cumprir as metas de descarbonização de longo prazo.

“O atual ambiente macroeconômico e de volatilidade do mercado reforçam a importância da nossa estratégia Vale 2030, na qual estamos construindo uma empresa ainda mais competitiva, capaz de prosperar em qualquer condição de mercado. Com essa abordagem, estou confiante de que geraremos valor significativo para todos os nossos stakeholders”, apontou Pimenta.

Ele também destacou que o portfolio amplo e flexível da companhia é fundamental para “fazer esse jogo de valor com volume” e se adaptar com mais êxito em um mercado resiliente e volátil. “Podemos usar o valor sobre o volume para melhorar a lucratividade, aumentar as cargas e volumes e trabalhar em um cardápio de produtos mais amplo. Poderemos agir de forma análoga e tornar os ativos mais fluídos. Há vários movimentos que a companhia tem para maximizar a criação de valor, pois temos uma reserva muito singular, de minério de ferro e metais básicos, mas queremos aumentar a produção de cobre, ir além no nosso portfolio e enquadrá-los em nossa locação de capital”, explicou Pimenta.

Os executivos da mineradora também lembraram a importância de medidas para reduzir custos, incluindo a redução de overhead na produção de minério de ferro, para melhorar a eficiência e a competitividade. A companhia aposta ainda no ramp-up dos projetos Capanema, Serra Sul e VGR1, garantindo uma maior flexibilidade operacional e aderência ao guidance de produção para 2025. O desempenho operacional do Cobre e Níquel no 1T25 foi forte, refletindo o desempenho consistente em todos os ativos, bem como o ramp-up do projeto VBME no Canadá.

Sobre o mercado chinês, o mais importante para o minério de ferro, os executivos ainda não têm a clareza necessária a respeito do impacto da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Para a Genial Investimentos, caso aconteça um acordo entre EUA-China sobre as tarifas impostas pelos dois países, a queda das tarifas bilaterais tende a reaquecer a demanda chinesa por minério de ferro, pressionando estoques para baixo e elevando o preço spot que fechou a US$99,4/t (+3,6% vs. piso do 1T25 de US$95,9/t). “A retomada das relações comerciais entre as duas maiores economias globais não apenas melhoraria o sentimento de mercado, mas também pode incentivar novos pacotes de estímulo na China, especialmente voltados à infraestrutura, construção residencial e indústria manufatureira , setores intensivos no consumo de aço e, consequentemente, minério de ferro”, explicou a Genial.

Além disso, a Genial apontou que a reversão parcial das distorções nas cadeias globais de suprimento tende a beneficiar mineradoras com escala global e custos competitivos, como a Vale, que conseguiria reestruturar o mapeamento das rotas logísticas (que vem sofrendo sérias alterações) em um ambiente mais fluido.

“Antecipamos uma pressão adicional no custo do frete no 2T25 caso as tarifas não cedam. Dessa forma, uma normalização tarifária pode atenuar o desvio de rotas comerciais observado no 1T25, favorecendo a reintegração de fluxos logísticos e uma reorganização mais eficiente da oferta mundial, o que também contribuiria para a incerteza nos preços internacionais. Por fim, o ciclo de recomposição da demanda por metais tende a ganhar tração em um cenário de descompressão protecionista”, concluiu a Genial.

O Goldman Sachs Vale disse que a mineradora está caminhando para uma melhor eficiência operacional e que isso não está sendo adequadamente refletida em seus múltiplos de preço/negociação de ações. “Entendemos que as incertezas macroeconômicas vêm dominando as conversas dos investidores, mas vemos a Vale e o minério de ferro relativamente resilientes a uma potencial desaceleração macroeconômica, já que o minério de ferro está sendo negociado mais próximo do custo marginal em comparação a outros metais. Além disso, as ações estão implicando um desconto em relação ao preço à vista e o potencial da China de compensar parte da fraqueza da demanda global com o aumento da demanda doméstica e de infraestrutura”, ressaltou o Sachs.

Balanço do 1T25 mostra custos em queda, mas preço do minério de ferro ainda impacta resultados; ação recua

Segundo a Genial Investimentos, o resultado do primeiro trimestre da Vale foi pressionado por menor realização de preços na divisão de ferrosos e efeitos sazonais relevantes, sobretudo em Carajás (PA). O acúmulo de chuvas no período foi intenso, com a média de precipitação do Sistema Norte atingindo 1.039mm (+42,9% a/a). Resumidamente, foi um trimestre com destocagem, nivelando vendas diante de uma produção mais fraca e preços em queda.

“O resultado é não cativante, mesmo que a companhia tenha apresentado ganhos de eficiência. Continuamos a acreditar que a companhia está descontada. Negociando a 3,7x EV/EBITDA 25E (vs. média histórica de 5,0x), com um FCF Yield de 14% e Dividend Yield de 8%, seguimos construtivos com o case, que combina valuation atrativo e uma execução comercial mais seletiva. Ressaltamos que nosso modelo implica numa projeção de curva 62% Fe de minério de ferro que ainda considera os efeitos de uma tarifa de 145% sobre produtos chineses além do corte de produção de aço bruto que será implantada pelo Governo chinês no segundo semestre deste ano. Avaliamos que ainda é muito cedo para alterarmos as nossas premissas, diante da alta volatidade derivada do noticiário envolvendo a Guerra Comercial”, apontou a Genial, que manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61,50.

A XP Investimentos destacou o desempenho melhor na divisão de transição energética da Vale, refletindo maiores preços realizados e receitas de subprodutos na divisão de Cobre e recuperando resultados na divisão de Níquel. Além disso, o primeiro trimestre entregou um sólido desempenho de custos em Soluções de Minério de Ferro da Vale, com C1/t em US$ 21,0/t, queda de 11% na comparação anual, com a empresa reiterando seu guidance para C1 de US$ 20,5-22,0/t para 2025 (com custos de produção C1 de US$ 23,1/t no 1T25, -7% A/A)). “Reiteramos nossa recomendação Neutra para Vale com um upside limitado, embora vejamos uma assimetria positiva nos preços atuais da VALE3”, concluiu a XP.

O BTG Pactual ressaltou que, apesar da recente valorização das ações, do menores custos de caixa C1, dos avanços em relação à Samarco, do progresso em suas unidades de metais básicos e melhorias institucionais, ainda é preciso ter uma visão mais clara do ambiente do setor de metal e siderurgia antes de realizar qualquer mudança significativa em seu posicionamento sobre a mineradora.

“Além disso, a história macro da China permanece vulnerável (especialmente com a escalada da guerra comercial), adicionando pressão sobre todo o complexo siderúrgico e criando uma sobrecarga para os preços do minério de ferro. Ainda é difícil ver uma alta substancial na avaliação, com ações sendo negociadas a 4x o EBITDA de 2025 e oferecendo rendimentos de dividendos na faixa de 8 a 10%. Prevemos mais revisões negativas para a empresa no segundo semestre de 2025, à medida que os investidores antecipam ao mercado um ambiente de preços de minério de ferro mais fraco à frente (modelamos os preços do minério de ferro em US$ 95/t para 2025 vs. US$ 100/t à vista e US$ 85/t para 2026)”, explicou o BTG, que manteve classificação neutra, com preço-alvo de US$ 11/ação.

A Levante Investimentos destacou que, em um cenário global marcado por grande incerteza, especialmente devido às questões de tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre a produção de aço no Brasil e principalmente sobre a China, o setor de metal e siderurgia tem sido alvo de cautela.

Nesta sexta-feira, a ação da companhia fechou em queda de 2,63%, para R$ 53,85.

Emerson Lopes – emerson.lopes@cma.com.br (Safras News)

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