Porto Alegre, 12 de março de 2021 – O relatório de março de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado terça-feira (09), indicou que o país terá estoques finais de passagem da safra 2020/21 de 1,502 bilhão de bushels, mesmo volume indicado no mês passado, mas acima da expectativa do mercado, que esperava um número de 1,46 bilhão de bushels.
Os Estados Unidos deverão colher 14,182 bilhões de bushels na temporada 2020/21, sem alterações em relação aos números estimados em fevereiro. A produtividade média em 2020/21 foi mantida em 172 bushels por acre. A área a ser plantada segue prevista em 90,8 milhões de acres e a área a ser colhida em 82,5 milhões de acres. As exportações em 2020/21 segue estimada em 2,6 bilhões de bushels. O uso de milho para a produção de etanol foi mantido em 4,95 bilhões de bushels.
O USDA estimou a safra global 2020/21 em 1.136,31 milhão de toneladas, acima das 1.134,05 milhão de toneladas indicadas em fevereiro. Os estoques finais da safra mundial 2020/21 foram projetados em 287,67 milhões de toneladas, acima das 286,53 milhões de toneladas indicados no mês passado, enquanto mercado apostava em um número de 285,3 milhões de toneladas. A estimativa de safra brasileira é de 109 milhões de toneladas, sem alterações ante o mês passado, enquanto o mercado esperava safra de 108,4 milhões de toneladas. A produção da Argentina deve atingir 47,5 milhões de toneladas, sem modificações ante fevereiro, enquanto o mercado previa safra de 47,1 milhões de toneladas.
O ano de 2021 é muito delicado em termos de oferta no mercado brasileiro e mundial de milho. O mercado vai depender de uma safrinha de grande porte, com expectativa de recorde, e principalmente a safra americana não poderá ter uma quebra. A avaliação é do consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, que fez palestra durante o último dia da SAFRAS Agri Week, evento totalmente on line que ocorreu de 09 a 11 de março.
Com a oferta limitada no Brasil, as cotações devem seguir muito firmes até a entrada da safrinha no segundo semestre. A importação é uma possibilidade até chegar esta segunda safra, diante dessa limitação da oferta. Porém, Molinari ressaltou na palestra que é difícil e muito caro importar. E o consumidor olha adiante para a entrada da safrinha, quando espera ter maior oferta e melhores condições de aquisição no mercado interno.
Com um quadro de oferta e demanda ajustado e com escassez demonstrada no momento, “a safrinha de 2021 tem de ser usada de estratégia de estoque para 2022”, disse Molinari. O atraso no plantio da safrinha preocupa. O plantio da segunda safra de milho 2021 no Centro-Sul atinge 50,3% da área estimada de 14,125 milhões de hectares, segundo levantamento de SAFRAS & Mercado. No mesmo período do ano passado o cultivo atingia 77,7% da área de 13,27 milhões de hectares da safrinha 2020, enquanto a média de plantio para o período nos últimos cinco anos é de 83,3%.
Diante desse plantio tardio, Molinari indica que a entrada da safrinha deve se concentrar também com atraso entre agosto e setembro, o que pode elevar os preços. Sem falar que as lavouras poderão receber mais umidade com esse atraso, alongando o ciclo do milho. “Isso pode atrasar os embarques e provocar maior correria no mercado”, diz. Ele crê que pós-entrada da safrinha, em se confirmando uma produção recorde, os preços podem recuar.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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