Os ministros da União Europeia (UE) aprovaram hoje a criação de um fundo de 150 bilhões de euros para financiar projetos conjuntos de defesa. A iniciativa, chamada SAFE (Security Action for Europe), visa fortalecer a capacidade militar do bloco diante dos temores de um possível ataque russo e das incertezas sobre o compromisso de segurança dos EUA sob a administração Trump. O esquema será financiado por dívida conjunta da UE e aprovado por 26 dos 27 países-membros, com a Hungria se abstendo.
A proposta foi apresentada pela Comissão Europeia em março, após líderes do bloco expressarem preocupação com a possibilidade de o governo Trump não honrar os compromissos de defesa dos EUA com a Europa. Desde a invasão russa da Ucrânia em 2022, os gastos militares europeus já aumentaram mais de 30%, mas autoridades consideram o avanço insuficiente. A Rússia classificou o movimento como “incitação à guerra”, mas as declarações não tranquilizaram os europeus, que lembram discursos semelhantes antes do ataque à Ucrânia.
O fundo prioriza iniciativas colaborativas entre países da UE e inclui uma cláusula de “compre europeu”: pelo menos 65% do valor do projeto deve vir de empresas sediadas na UE, no Espaço Econômico Europeu ou na Ucrânia. Parceiros externos, como o Reino Unido – que assinou um acordo de defesa com o bloco este mês -, também podem participar, desde que cumpram condições adicionais. O objetivo é reduzir a fragmentação da indústria de defesa europeia e torná-la mais competitiva globalmente.
A legislação foi aprovada por meio de um processo acelerado, sem a necessidade de aval do Parlamento Europeu – apenas o consentimento dos governos nacionais foi exigido. A Polônia, que preside o Conselho da UE, celebrou a decisão em suas redes sociais, afirmando: “Quanto mais investimos em nossa segurança, melhor dissuadimos aqueles que desejam nos prejudicar”. O fundo representa o maior programa de investimento em defesa já lançado pela UE, marcando uma mudança estratégica no cenário geopolítico atual.

