Porto Alegre, 27 de dezembro de 2023 – O ano de 2023 foi um ano desafiador para a suinocultura, mas apresentou aspectos positivos se comparado aos anos anteriores. De acordo com o analista de SAFRAS & Mercado, Allan Maia, os grandes prejuízos registrados nos últimos 2 anos ficaram no passado. “Contudo, a rentabilidade se manteve apertada no fechamento de 2023”, pontua.
Segundo ele, o primeiro semestre foi mais difícil, com curva de preços em queda, tanto do suíno vivo como da carcaça. “Com margens ruins no primeiro quadrimestre, muitos suinocultores adotaram a estratégia da redução do peso médio dos animais, que até conseguiu resultar em um quadro de disponibilidade doméstica controlado. No segundo semestre, a curva de preços ficou em um patamar estável, sem espaço nem para quedas e nem altas contundentes, mas com consumo doméstico mais favorável, registrando seu ápice agora em dezembro”, explica.
Como ponto de destaque, Maia lembrou da produção e disponibilidade doméstica elevada. “Mesmo a suinocultura brasileira vindo de anos muito ruins, não houve grandes tomadas de decisão em relação a corte de alojamento e nascimentos. Em 2023, muitos investimentos começaram a maturar e, com isso, os abates e a produção avançaram, pesando na formação de preços. Vale destacar que a exportação brasileira não conseguiu enxugar todo excedente de produção e a disponibilidade doméstica se manteve elevada durante o ano todo”, disse.
Além disso, Maia afirmou que foi possível observar uma força significativa na exportação, mesmo com a China menos atuante no mercado. “Os volumes embarcados pelo Brasil foram excelentes, com maior diversificação dos destinos, resultado de abertura de novos mercados. Contudo, o preço da tonelada desacelerou ao longo do ano e principalmente do segundo semestre, reduzindo as margens da indústria e piorando a evolução de preços do suíno vivo no interior do país”, ressaltou.
A China foi grande responsável pela queda da tonelada, uma vez que é o maior importador global de carne suína. A crise da suinocultura na China se intensificou ao longo do ano, com avanço de excedente de oferta e desaceleração econômica, o que impactou o consumo local.
O custo de produção mais fraco também foi um fator importante no ano de 2023. Segundo Maia, a partir de meados de março, o preço do milho (principal componente da ração) começou a cair com força, trazendo alívio na questão de margem dos suinocultores. O custo de produção foi variável crítica para a suinocultura tanto em 2021 e 2022.
Resumindo, Maia explica que o fator que mais pesou e impediu retorno de bons lucros para a atividade em 2023 foi a produção elevada. Vale pontuar ainda que a carne suína ocupa a terceira colocação na preferência dos brasileiros, atrás do frango e carne bovina. O consumo da carne suína avançou no ano, mas não foi ainda melhor pois as concorrentes também apresentaram preços bastante competitivos.
Por fim, o analista afirma que a produção de 2023 deve fechar o ano com crescimento de 3,1%, atingindo 5,262 milhões de toneladas, contra 5,106 milhões de toneladas do ano passado. A exportação 2023 está estimada em 1,188 milhão de toneladas, avanço de 8,3% se comparada às 1,097 milhão de toneladas de 2022. “Com isso, a disponibilidade doméstica do Brasil deve fechar o ano em 4,073 milhões de toneladas, crescimento de 1,6%”, conclui.
Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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