Porto Alegre, 23 de abril de 2021 – Os preços da soja subiram no mercado brasileiro nesta semana, seguindo a forte valorização dos contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). O ritmo dos negócios seguiu moderado, limitado pela queda do dólar e o recuo dos prêmios de exportação.
A saca de 60 quilos encerrou a quinta, 22, cotada a R$ 183,00 no Porto de Paranaguá. Na segunda, 19, o preço era de R$ 177,50. Em Passo Fundo (RS), a cotação subiu de R$ 170,00 para R$ 178,00 a saca de 60 quilos.
A alta doméstica foi garantida pela forte alta de Chicago. O contrato com vencimento em maio saltou 6,45% na semana, atingindo US$ 15,14 no fechamento da quinta, o maior patamar em mais de sete anos. Os preços internos só não subiram mais devido à baixa de 2,33% do dólar comercial e do recuo nos prêmios.
O bom desempenho de Chicago está ligado ao mercado de clima nos Estados Unidos. O plantio teve início com temperaturas baixas, o que trouxe preocupação sobre o desenvolvimento inicial das lavouras. Fundos e especuladores adotaram uma postura ofensiva, também amparados pelo cenário fundamental, que combina boa demanda com aperto nos estoques.
TEC
A suspensão da alíquota de importação aplicada às importações soja, óleo de soja e farelo de soja anunciada ontem pelo Ministério da Agricultura deve ter impacto bem restrito e quase nulo sobre o abastecimento no mercado brasileiro. A avaliação é do consultor de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Roque.
Segundo ele, a medida abre a possibilidade de trazer de fora do Mercosul e neste cenário só quem pode fornecer é os Estados Unidos. “E a soja americana está mais cara que a brasileira nesse momento. O FOB americano está cerca de 20 dólares acima do Brasil. O prêmio está quase 70 nos EUA. O brasileiro entre 5 e 10 pontos. Não faz sentido, não tem impacto nesse momento”, explica o analista.
No caso do farelo, o cenário é o mesmo. “Como estamos com preço alto, já trazemos soja e farelo dos países do Mercosul”, completa Roque. Entre janeiro e março o Brasil importou o dobro de soja em grão de igual período de 2020. Ano passado, as importações brasileiras somaram 820 mil toneladas na temporada, movimento que ganhou força no segundo semestre. No primeiro trimestre, as compras chegaram a 200 mil toneladas, contra 100 mil toneladas em 2020.
“Sempre importamos um pouco do Paraguai, mas volumes restritos. Sempre acontece de trazer, porque fecha a conta na logística, principalmente por parte do Paraná. Não tem necessidade de trazer dos EUA, porque a conta não fecha. Talvez mais no final do ano, dependendo da oferta, estoques e dos preços domésticos, principalmente com a entrada da safra americana, quando preços e prêmios recuam. Talvez facilite, mas cedo ainda é cedo para saber”, disse o analista.
Segundo Roque, o Brasil não vai importar grandes volumes, já que ainda há produto disponível. “Não temos grande problemas também com o farelo, embora essa questão da diminuição da mistura do biodiesel possa reduzir o esmagamento, resultando em menor oferta de farelo. Mas nesse momento não é o que estamos vendo. A medida não deve ter impacto nos próximos dois a três meses. Talvez mais no final do ano”, conclui.
Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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