Porto Alegre, 12 de agosto de 2020 – A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou um faturamento de R$ 356,5 bilhões no primeiro semestre de 2020, de acordo com dados divulgados hoje pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). De acordo com o presidente executivo, João Dornellas, o crescimento real no faturamento frente ao mesmo período do ano passado, descontando a taxa de inflação, ficou em 0,8%. Já a produção física, nos seis primeiros meses do ano, teve um aumento de 2,7%.
Conforme Dornellas, o setor de alimentos se propôs a não deixar o consumidor brasileiro desabastecido durante a pandemia. Ele destaca que entre os fatores que contribuíram para os resultados na primeira metade do ano estão a expansão das exportações e o desempenho positivo do varejo alimentar no mercado interno. “O aumento do consumo das famílias dentro dos domicílios foi um dos efeitos da pandemia do novo coronavírus que contribuíram para um melhor desempenho do varejo em comparação com o 1o semestre de 2019. O faturamento do setor de varejo no primeiro semestre do ano ficou em R$ 207,2 bilhões, avanço de 12,2% frente aos R$ 184,6 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado”, afirma.
Os setores que mais se destacaram no período em volume de produção, considerando o mercado interno e as exportações, foram: açúcar (+22,6%), óleos vegetais (+3,9%) e carnes (+1,9%).
Em contrapartida, Dornellas salienta que o canal Food Service foi bastante afetado e registrou queda de 29,5% nas vendas na primeira metade do ano, com o fechamento de restaurantes, bares, lanchonetes, serviços de alimentação nos hotéis, navios, aviões e lojas de conveniência. O faturamento do setor ficou em RS 64,5 bilhões no primeiro semestre, contra US$ 91,4 bilhões entre janeiro e junho de 2019. “Esse menor demanda no segmento food service acabou afetando o desempenho dos setores de bebidas, derivados de trigo e laticínios, com quedas, respectivamente, de 4%, 0,3% e 4,2% no faturamento no primeiro semestre”, avalia.
O setor registrou um aumento de 0,6% nas contratações diretas e formais, gerando 10,3 mil vagas no período. “Esse aumento está associado à expansão da produção e à necessidade de contratação para compensar o afastamento temporário de colaboradores pertencentes a grupos de risco para a Covid-19”, analisa.
Dornellas destaca que o setor cresceu, mas enfrentou desafios na primeira metade do ano. “Vários fatores adversos se impuseram e tiveram de ser enfrentados. A estimativa da ABIA é de um custo médio adicional de produção de 4,8% devido à Covid-19. Isso tem sido um desafio adicional para as empresas do setor, face ao contexto atual das economias brasileira e mundial. Como o custo de produção industrial representa em média 58% do custo total do setor, um incremento de 4,8% neste item representa um impacto no custo total da indústria de alimentos entre 2% e 2,5%”, sinaliza.
Apesar desse impacto na cadeia produtiva, o setor gerou empregos e manteve o abastecimento funcionando no Brasil e no mercado internacional.
Conforme Dornellas, embora a indústria de alimentos esteja enfrentando os impactos da pandemia, a produção e o abastecimento da população não foram interrompidos, não só pelo fato de se tratar de uma atividade essencial, como também pelas iniciativas tomadas pelo setor, promovendo o monitoramento e o controle dos estoques no varejo e investindo em estruturas de proteção e segurança dos colaboradores nas fábricas e escritórios, entre outras. “Nosso foco agora é manter o ritmo e trabalhar para colaborar ainda mais com a retomada econômica do País, gerar mais empregos e continuar levando alimento para a mesa dos brasileiros, além de manter nossa posição de um dos maiores produtores de alimentos do planeta, contribuindo para a segurança alimentar em mais de 180 países”, finaliza.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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