Porto Alegre, 23 de março de 2022 – Sem novidades fundamentais, o mercado brasileiro e internacional de café tende a ter preços menores no restante do ano. A previsão foi feita pelo analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, durante o segundo dia da terceira edição do SAFRAS Agri Week.
Após um período bem positivo para os preços, o mercado está antecipando uma correção e se afastando das máximas. O analista aponta dois pontos que comandam essa correção: o ajuste na carteira dos fundos, acelerado pelo conflito na Ucrânia, e a perspectiva com a entrada da safra brasileira.
É importante lembrar que os preços do café subiram mais de 60% nos últimos 12 meses em Nova York, se consolidando no segundo lugar no ranking de valorização de commodities no período, perdendo apenas para o petróleo. “A quebra na safra brasileira, devido aos problemas de falta de chuvas e estiagem, que também prejudicaram o potencial produtivo da safra 22, e fatores financeiros e logísticos determinaram essa elevação”, explica Barabach.
O analista apontou ainda alguns pontos que poderão diminuir o ritmo da correção nos preços do café em Nova York e no Brasil, destacando o déficit na relação de oferta e demanda global, a perda no potencial produtivo no Brasil, o mercado de clima durante a colheita no país e a volatilidade no cenário financeiro.
A injeção de dinheiro por parte dos fundos e especuladores ajudou na recente alta dos preços. E a expectativa de volta agora para o caminho que será percorrido por este fluxo de capital. Rece4ntemente, os fundos se desfizeram de posições do café e procuram por investimentos mais seguros. Com o aperto monetário promovido pelos bancos centrais, incluindo o americano, a tendência é de maior procura por títulos do tesouro americano. Além disso, o conflito na Ucrânia tornou mais atrativa a opção por petróleo e grãos.
“É bom prestar atenção na entrada da safra brasileira 2022 e em possíveis ajustes nas perspectivas de produção, além do fluxo de embarques e estoques no final da safra 2021. Para o segundo semestre, destaco o foco na florada 2023 e o fluxo financeiro internacional, além da possível normalização das cadeias de suprimento”, sugere o analista.
O analista citou ainda outro motivo que ajudou a sustentar as cotações, os problemas logísticos em decorrência da forte demanda, que resultou em queda nos estoques certificados. A aposta é que essa situação se normalize, mesmo que a guerra na Ucrânia sinalize o contrário no curto prazo.
A estimativa de SAFRAS & Mercado é que a produção brasileira em 2022 fique em 61,1 milhões de sacas. Em 2021, o país colheu 59,65 milhões e no ano anterior 67,95 milhões de sacas.
Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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