Porto Alegre, 27 de junho de 2025 – A semana foi de ameaça de geadas no cinturão cafeeiro de café do Brasil com a passagem de uma massa de ar polar. Mas, as informações deram conta de que não houve maiores danos aos cafezais nas principais regiões produtoras, apesar do frio intenso. Nas bolsas de Nova York e de Londres, foi grande a volatilidade, mas ao final, o mercado seguiu com cotações pressionadas.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, após o susto com o frio no Brasil, o mercado de café voltou a recuar forte nas bolsas internacionais. O arábica chegou na bolsa de Nova York a testar a linha dos 300 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o robusta se aproximou de US$ 3.500 por tonelada no terminal de Londres. “A fraqueza do dólar e correções técnicas permitiram um leve ajuste positivo nos preços, mas o fato é que o mercado segue pressionado negativamente. O avanço da colheita no Brasil, com os trabalhos superando a metade da safra, e a perspectiva de maior oferta global de robusta acabam pesando contra as cotações”, destaca.
Ele destaca que o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), indicando produção recorde e superávit na oferta global na temporada 2025/26, reforça a leitura negativa dos preços.
No mercado físico brasileiro, os preços também caíram neste mês de junho, acompanhando as perdas no exterior. O café arábica de bebida boa é negociado a R$ 1.940 por saca de 60 kg no Sul de Minas, acumulando queda de 17% em junho e 13% no ano de 2025. Em relação ao mesmo período do ano passado, ainda sustenta um ganho nominal de 44%. Já o conilon tipo 7/8 em Colatina (ES) é cotado a R$ 1.100 por saca, com queda de 23% no mês e recuo acumulado de 42% em 2025. Em comparação com igual período de 2024, o preço já registra queda de 11%.
USDA
A produção mundial de café em 2025/26 deverá totalizar um recorde de 178,68 milhões de sacas de 60 quilos, contra 174,395 milhões de sacas na temporada anterior, o que representa um aumento de 2,5%. A estimativa é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no seu relatório sobre o mercado mundial de junho.
Segundo o relatório o aumento na produção vem em função da contínua recuperação na produção do Vietnã e da Indonésia, assim como uma safra recorde na Etiópia.
O consumo total de café em 2025/26, segundo o USDA, deverá atingir 169,363 milhões de sacas, contra 166,515 milhões de sacas na temporada anterior, aumento de 1,7%.
Assim, haverá superávit na oferta de 9,317 milhões de sacas em 2025/26, no comparativo com 7,88 milhões de sacas de superávit em 2024/25.
O USDA apontou que os estoques finais totais de café em 2025/26 seguirão apertados, em 22,819 milhões de sacas, no comparativo com 21,752 milhões de sacas dos estoques finais de 2024/25.
Segundo o USDA, a safra 2025/26 do Brasil deve ficar em 65,0 milhões de sacas, contra 64,7 milhões de sacas em 2024/25.
A safra vietnamita 2025/26 deve ficar em 31,0 milhões de sacas, contra 29,0 milhões de sacas em 2024/25.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) – Agência SAFRAS
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