São Paulo, 18 de março de 2025 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.
Conforme já sinalizado pelo Comitê na decisão anterior, a Selic deverá ter alta de 1 ponto percentual para 14,25% ao ano. Este aumento é praticamente consenso dentro do mercado. Por isso, mais que a decisão, o mercado espera detalhes do comunicado, buscando pistas sobre os novos passos da instituição.
“Continuamos esperando que o comitê implemente um último aumento de 100 pontos-base, elevando a taxa básica Selic para 14,25% ao ano. Esse movimento já é amplamente antecipado pelos mercados e, assim como na reunião anterior, a principal questão será a comunicação após o encontro”, informa o BTG, em relatório.
Em seu comunicado de janeiro, o comitê encurtou sua sinalização ao reafirmar que outro aumento de 100 pontos-base ocorreria em março, sem fazer referência direta a reuniões subsequentes. “Seja por essa abordagem mais aberta ou por sinais de maior preocupação do comitê com o ritmo da desaceleração econômica -o que aumenta a possibilidade de uma desaceleração mais acentuada do que o previsto anteriormente em sua avaliação de riscos -, as comunicações desde janeiro têm sido interpretadas como mais ‘dovish'”, acrescenta.
Segundo o BTG, dado o cenário ainda altamente desafiador para a convergência da inflação – com um hiato do produto positivo, inflação acima do teto da meta e expectativas altamente desancoradas -, “acreditamos que o ambiente atual continua exigindo uma postura mais restritiva. Assim, esperamos outro aumento de 100 pontos-base nesta semana, e nossa projeção terminal para a Selic permanece em 15,25% ao ano, com dois aumentos adicionais de 50 pontos-base nas reuniões de maio e junho”.
“Esperamos elevação, por unanimidade, da taxa Selic para 14,25% a.a., entregando a segunda das duas adicionais altas de 100 p.b. que foram sinalizadas no final do ano passado”, projeta o Itaú, em relatório.
Segundo o banco, comparadas ao que foi apresentado na reunião de janeiro, as projeções de inflação do comitê no cenário de referência (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) deve recuar para 5,0% para 2025 (ante 5,2%) e para 3,9% no horizonte relevante, no 3T26 (ante 4,0%).
O relatório destaca que a reunião acontecerá em meio à discussão sobre potenciais pontos de inflexão que podem ter implicações relevantes para a dinâmica de preços e o balanço de riscos em torno da inflação, e que dizem respeito justamente aos fatores que o comitê afirmou que monitoraria à frente: atividade econômica, câmbio (repasse cambial) e expectativas de inflação. “Esperamos que as autoridades sinalizem, pelo menos, um novo ajuste, ainda que de menor magnitude, na reunião de maio”, aponta o banco.
O fluxo de dados e informações desde a última reunião foi um pouco mais positivo para as perspectivas de inflação. A avaliação faz parte de relatório da XP. “Do lado baixista, indicadores de atividade ficaram aquém do esperado e a taxa de câmbio se estabilizou em patamares entre 5,70-5,80 reais por dólar. Por outro lado, a inflação ao produtor e ao consumidor seguem pressionadas, e as expectativas inflacionárias continuam em trajetória de alta”, explica o documento.
“Projetamos a taxa Selic em 15,50% em junho, após altas de 1,00, 0,75 e 0,50 p.p. nas próximas três reuniões do Copom. Se a taxa de câmbio ficar relativamente estável nos próximos meses e a desaceleração econômica se intensificar, o Copom poderá aumentar sua taxa básica de juros pela última vez em maio (ao invés de junho)”, avalia.
A projeção do Copom para o IPCA de 2025 deve recuar ligeiramente de 5,2% para 5,1%. Para o 3º trimestre de 2026 (atual horizonte relevante de política monetária), a XP estima queda de 4,0% para 3,8%.
A Warren Investimentos espera elevação da meta Selic em 100 bps para 14,25%, por decisão unânime. “O ponto de atenção refere-se à nova comunicação. Consideramos que o Copom deve indicar que antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros na reunião de maio, refletindo o estágio avançado do ciclo de aperto monetário, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, afirma Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.
Segundo ele, outra dúvida refere-se à avaliação do balanço de riscos. “Entendemos que ele se tornou mais simétrico, mas o Comitê pode preferir manter a assimetria altista, optando por maior conservadorismo enquanto acompanha a evolução do cenário externo e interno”, completa.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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