Porto Alegre, 13 de outubro de 2022 – A área de milho cultivada no estado de São Paulo para a safra 2022/23 deve chegar até 348,504 mil hectares. Para soja, a área pode chegar até 1,264 milhão de hectares. Segundo o engenheiro agrônomo e gerente do Departamento Econômico da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), Cláudio Silveira Brisolara, que concedeu entrevista exclusiva à SAFRAS, a área registrada no ano anterior deve ter um incremento entre 2% e 4% em relação à última safra.
De acordo com o agrônomo, se a umidade e as condições climáticas não seguirem favoráveis ao plantio, é possível haver uma reversão dessa estimativa. “A largada para o plantio já começou, em setembro, mas muitos produtores estão aguardando maior nível de umidade no solo para plantar. Não tivemos chuvas volumosas para reverter a falta de umidade no solo em muitas regiões, mas felizmente as chuvas, aos poucos, estão chegando”, disse.
O engenheiro ainda falou sobre a tendência do clima para a safra e suas expectativas de dificuldade no período. “A tendência por enquanto é positiva, com expectativa de chuvas dentro do padrão normal. Mas, como sempre, precisamos ter cautela, pois a atuação do fenômeno La Niña até o início do verão pode impactar as culturas”, completou.
Para Brisolara, a expansão dos preços de soja e milho, que estão se mantendo em patamar acima das médias históricas recentes, os baixos estoques mundiais e projeções positivas quanto à demanda internacional são os fatores que mais incentivam os produtores a cultivarem milho. “Apesar do aumento nos custos de produção e uma possível desaceleração da economia mundial em função da inflação global e das políticas monetárias contracionistas, o balanço dos aspectos ainda é positivo”, ressalta.
Em média, o agrônomo conta que os produtores estão moderadamente capitalizados, com exceção apenas dos que tiveram perdas recentes com lavouras de, principalmente, soja e milho. “O ponto central é que a capitalização do produtor é transitória, pois o custo subiu e a margem adicional dos produtores tem de ser utilizada para compensar a elevação dos preços dos insumos”. Ainda de acordo com ele, os produtores estão encontrando diversas dificuldades em conseguir crédito de investimento, com muitos tendo que recorrer para bancos, que possuem taxa de 18% de juros anuais ou mais, o que aumenta o custo de produção da lavoura como um todo.
A entrega de insumos na região teve muita especulação e problemas pontuais, porém, segundo Brisolara, a situação foi normalizada. Ainda ressaltou que, apesar dos produtores terem vontade e estarem dispostos a realizarem investimentos em tecnologia, as linhas de crédito escassas, taxas de juros altas e custo de produção elevado impedem os avanços no setor.
Por fim, em análise ao atual momento para a cultura de milho no estado de São Paulo, Brisolara diz que “A FAESP avalia como positivo, pois depois de períodos de estagnação, o cultivo de grãos voltou a ganhar força, aumentando as opções de plantio dos produtores. A diversificação é positiva e favorece os produtores na busca por maior rentabilidade. Culturas tradicionais no Estado perderam lucratividade e as lavouras de milho e soja, que representam 86% da produção de grãos no Estado, estão ganhando espaço e isso é muito positivo para a economia agrícola do Estado”.
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Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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