Porto Alegre, 16 de setembro de 2022 – A safra brasileira de café 2022/23 vai se mostrando efetivamente menor do que anteriormente se imaginava. SAFRAS & Mercado divulgou uma revisão para baixo em sua estimativa para a produção brasileira de café 2022/23 para 58,2 milhões de sacas de 60 quilos. O número anterior, preliminar, era de 61,1 milhões de sacas.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que a safra brasileira de 2022 gera muita incerteza e discussões. Há uma grande dificuldade em quantificar a safra em um ano produtivo muito errático no Brasil, marcado por seca, geada, floradas vistosas seguidas de abortamentos, excesso de umidade no período de granação e corte de chuva na sequência, afirma.
Ele ressalta que tudo isso acaba interferindo nas expectativas em torno do tamanho da safra, gerando momentos de um certo otimismo em contraposição a outros de total pessimismo. O fato é que a colheita já terminou, mas as dúvidas ainda continuam. O atraso nos trabalhos, o beneficiamento mais lento e a demora maior dos cafés nas tulhas ajudam a explicar a pouca disponibilidade física. E isso gera dúvida se a pouca disponibilidade atual é mesmo só efeito da menor safra ou pode ser justificado, em parte, pelo atraso no ciclo e memo na postura mais curta do vendedor, comenta.
Para Barabach, as lavouras de arábica aparentemente devem entregar menos que o esperado inicialmente. Por isso, a projeção foi revisada para 35,20 milhões de sacas, contra 38,80 milhões previstas no início da colheita. Regiões como Sul de Minas e Mogiana sofreram com frio e seca, mas onde a situação foi mais crítica é o Cerrado. Lavouras que enfrentaram temperaturas muito baixas e depois mostraram reação estão produzindo menos que o esperado. Há também a queixa que o café granou bem com as chuvas no início do ano, mas os grãos estão menos pesados, talvez pelo efeito do corte abrupto na umidade a partir de março, avalia Barabach.
Na contramão, a produção de conilon ficou acima da esperada inicialmente. Assim, foi corrigida para 23 milhões de sacas. Barabach ressalta que o quadro ainda está muito aberto, com uma maior clareza em relação à safra demorando um pouco mais, ao final de setembro ou início de outubro, superado essa primeira etapa das entregas de vendas futuras (termo).
Comercialização
A comercialização da safra brasileira de café de 2022/23 até o último dia 14 de setembro alcançou 52% da produção, contra 45% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é bem inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 60% da safra. Mas, o fluxo de vendas está um pouco acima da média dos últimos anos para o período (51%).
Assim, já foram negociadas 30,35 milhões de sacas de uma produção estimada em 2022/23 por SAFRAS & Mercado de 58,2 milhões de sacas.
O fluxo de vendas seguiu muito lento, especialmente para um período de entrada de safra, o que chama atenção dos envolvidos, diz Barabach. “Muitos reportam não terem visto nada semelhante como o que está acontecendo esse ano. O produtor aparece muito pouco, mesmo em repiques de alta no preço, o que é sintoma da pouca oferta física disponível. Mas, o comprador também continua sem agressividade, o que ajuda a travar os negócios”, avalia Barabach. Assim, a comercialização segue muito lenta. O percentual de realinhamento no fluxo de vendas está muito mais ligado a ajustes no tamanho da safra do que propriamente em vendas novas, acredita o consultor.
Sobre o atraso nas vendas em relação a 2021, Barabach lembra que na temporada passada, além da menor produção, também o fluxo de venda antecipada foi mais intenso. “Mesmo assim, as vendas deste ano continuam ligeiramente acima da média dos últimos 5 anos para o período, que giram em torno de 51% da produção. É bom notar que nos anos 2020 e 2021 a comercialização foi bem mais acelerada, o que ajudou a puxar o percentual médio de vendas para cima”, comenta.
As vendas de arábica alcançam 51% do total da produção. O consultor avalia que o produtor continua na defensiva, avaliando o tamanho da safra, atento às entregas e ajustando a estratégia de comercialização para a temporada. Em igual período do ano passado, o comprometimento por parte do produtor girava em torno de 58%. Já a média de vendas dos últimos 5 anos para o período é algo ao redor de 49% no arábica.
As vendas com conilon alcançam 55% da safra e seguem mais ativas, diante da agressividade da indústria doméstica, especialmente de torrado e moído, aborda Barabach. Mesmo assim, as vendas continuam bem abaixo de igual período do ano passado, quando estavam em 63% e ligeiramente abaixo da média para o período (56%).
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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