Porto Alegre, 03 de janeiro de 2020 – Após dois anos muito ruins, o mercado internacional de açúcar reagiu no final de 2019 diante da mudança de cenário que é esperada para a temporada 2019/20 (outubro-setembro), com projeções de déficit de oferta após três anos consecutivos de excedentes.
A referência mundial para os preços do açúcar, que chegou a atingir uma mínima de 10 anos em setembro de 2018 — valendo menos de 10 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York — se recuperou parcialmente e tocou, em dezembro, nos maiores patamares desde outubro de 2018, fechando o ano praticamente estável após uma breve correção.
Com órgãos governamentais e consultorias privadas lançando estimativas cada vez mais otimistas em relação ao tamanho do possível déficit de oferta em 2019/20, desde as 544 mil toneladas apontadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) até as 8,2 milhões de toneladas estimadas pelo banco de investimentos holandês Rabobank, seria natural para usinas e tradings de açúcar esperar por preços muito melhores ao longo de 2020.
“A tendência é, sim, de preços mais firmes em Nova York em 2020, mas sem grandes possibilidades de altas significativas, mesmo com o consumo superando a produção de açúcar em termos globais”, diz o analista da consultoria SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci. Segundo ele, as cotações devem oscilar entre 13,50 e 14,00 centavos durante o ano, com a faixa de quatorze centavos sendo um “teto que dificilmente será superado”.
“No Brasil, o clima favorável ao desenvolvimento dos canaviais da região Centro-Sul (chuvas entre outubro e dezembro e bons índices de luminosidade previstos para janeiro e fevereiro) indica que teremos uma produção bem maior em 2020. Já a Índia, que passou a ser o maior produtor mundial, terá queda na safra, mas mesmo assim vai ter uma safra de volume muito expressivo, próximo a 30 milhões de toneladas, e ainda terá desovar de alguma forma os amplos estoques formados nos últimos três anos”, assinalou.
A SAFRAS & Mercado vê a moagem de cana na principal região produtora brasileira em 2020/21 entre 595 a 600 milhões de toneladas. Em dezembro, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) disse que a colheita final em 2019/20 deverá ficar na faixa de 590 milhões de toneladas, volume que, se confirmado, representará alta de 2,9% frente as 573 milhões de toneladas processadas em 2018/19.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS Copyright 2020 – Grupo CMA