Safras aponta vendas de café da temporada 2023/24 do Brasil em 84%

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Porto Alegre, 15 de março de 2024 – As vendas da safra de café 2023/24 (julho/junho) do Brasil chegam a 84% do potencial da safra até o último dia 12 de março. Os dados partem de levantamento da Safras Consultoria. Houve um avanço de 5 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Assim, as vendas seguem em linha com igual período do ano passado, mas ainda ligeiramente abaixo da média de 5 anos, que gira em torno de 85% da produção para esse período do ano.

Dessa forma, de uma safra 2023/24 estimada por Safras & Mercado em 65,53 milhões de sacas, já foram comercializadas 55,03 milhões de sacas.

Segundo o consultor de Safras, Gil Barabach, percebe-se um mercado menos volátil e aguardando novidades do lado fundamental. “Esse comportamento da curva de preços acaba minando as expectativas positivas que os vendedores nutriam com a entressafra. O combo menor expectativa de alta nos preços junto com a proximidade do início da colheita da safra 2024 acaba elevando o interesse de venda no físico disponível”, comenta.

As vendas de café arábica no Brasil subiram para 80% da produção, sinalizando um produtor mais ativo no mercado, conforme Barabach. Apesar disso, a comercialização continua abaixo de igual período do ano passado, quando as vendas representavam 81% da safra. Também aquém da média de 5 anos (83%).

“Destaque, novamente, para o bom avanço das vendas no Sul de Minas, especialmente junto às cooperativas. A ideia é que o fluxo de venda das cooperativas gire entre 85% e 88% do seu recebimento, com produtores acelerando as vendas diante da proximidade da chegada da safra. Fora das cooperativas o fluxo é um pouco mais lento, embora também tenha voltado a andar bem no último mês”, avalia o consultor.

Barabach indica que a comercialização de conilon segue acelerada, com produtor buscando aproveitar os preços altos e o elevado interesse externo antes da chegada do café novo ao mercado. As vendas de conilon alcançam 91% da produção, um percentual superior a igual período do ano passado, quando o comprometimento do produtor estava em 88% e também acima da média dos últimos 5 anos (90%).

2024/25

A comercialização antecipada da safra brasileira de café 2024/25 está em torno de 11% do potencial produtivo, até 12 de março. Um percentual abaixo do normal para o período, que gira em torno de 25%. Bastante similar ao ano passado, quando as vendas também estavam bem lentas.

No caso do arábica, as vendas alcançam 14% da safra, contra 30% em média para o período. Já no conilon as vendas somam 6% da produção, contra 15% em média. “Essa média, importante frisar, está inflada em função do forte posicionamento antecipado da indústria doméstica no ano de 2022, diante do receio de falta de produto. Neste ano, o preço muito elevado do conilon afugenta o comprador doméstico e viabiliza o aumento do arábica no blend”, aponta o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach.

Segundo ele, as vendas da safra 2024/25 estão mais travadas, com produtores mantendo a estratégia de vender café disponível e segurar as posições com safra futura. “Percebe-se alguma movimentação com insumos, com produtor aproveitando a boa relação de troca. Mas, em linha gerais, o interesse segue baixo. A pequena diferença entre o preço no disponível e a indicação para fixação antecipada na safra nova acaba tirando desejo na negociação com a safra 2024”, avalia. Além disso, ainda é grande a resistência do produtor em relação às negociações a termo (vendas futuras), frente à memória recente de entregas a preços abaixo dos praticados no mercado na entrada da safra, por conta da geada no Brasil em 2021.

A projeção de La Niña no início do segundo semestre deste ano torna o inverno no Brasil mais perigoso se comparado ao ano passado, o que também faz o produtor segurar um pouco as vendas da safra nova, observa o consultor. “Isso mesmo correndo o risco de forte pressão negativa sobre os preços diante do avanço da oferta de café da safra 2024, que promete ser maior que a safra anterior. O interesse do vendedor tende a crescer ao longo de março, abril e maio, com os primeiros lotes de cafés novos aparecendo no mercado e frente à necessidade de caixa de alguns produtores para cobrir as despesas com a colheita”, comenta.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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