Porto Alegre, 26 de dezembro de 2025 – O algodão em pluma registrou, em 2025, um ano marcado por preços mais fracos no mercado internacional. Tomando como referência o contrato março/26, as cotações iniciaram o ano próximas de 70 centavos de dólar por libra-peso e recuaram para a faixa de 63 centavos em meados de dezembro, acumulando queda em torno de 10% na bolsa de Nova York, informou a Safras Consultoria.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Gil Barabach, “o mercado não ofereceu oportunidade para o produtor ao longo do ano”. Segundo ele, o pico ocorreu nos primeiros meses do ano, seguido por uma trajetória gradualmente decrescente ao longo de 2025. Com isso, as janelas de fixação contra a bolsa (operações on call) e de venda física foram sendo realizadas em níveis cada vez mais baixos. “Esse cenário contrasta com 2024, quando o algodão superou os 80 centavos nos primeiros meses, oferecendo uma janela ampla e bem aproveitada pelos produtores”, apontou o consultor.
O câmbio também deixou de ser um aliado. O dólar encerrou 2024 cotado a R$ 6,16 e opera atualmente em torno de R$ 5,51, tendo inclusive passado parte do ano abaixo de R$ 5,30. A apreciação do real acabou reduzindo a competitividade das exportações, resultando em menos reais recebidos por dólar vendido, o que pressionou os preços da fibra no mercado interno.
Além disso, a safra recorde colhida no Brasil em 2025, projetada por Safras & Mercado em 4,24 milhões de toneladas, exigiu maior agressividade comercial na entrada da colheita, após um ciclo anterior de preços elevados. Esse movimento pesou sobre os prêmios de exportação e refletiu diretamente nos preços pagos ao produtor. A pluma, que iniciou o ano de 2025 cotada a cerca de R$ 131,83 por arroba em Rondonópolis, no Mato Grosso, atingiu máxima próxima de R$ 140/arroba em junho, em função do atraso da colheita, encerra o ano ao redor de R$ 109/arroba, acumulando perdas de 17%.
Em síntese, “2025 foi um ano em que o algodão perdeu valor e ofereceu poucas oportunidades de fixação em níveis atrativos”, avaliou Barabach. As margens do produtor ficaram significativamente mais estreitas, o que acabou também refletindo na cadência mais lenta das vendas. O resultado disso tudo, segundo o analista, é a menor atratividade da cultura para o próximo ciclo, com produtores sinalizando corte na área de 2,9% para a safra 2025/26, o que deve se refletir em queda de 8% na produção, interrompendo, assim, uma sequência de crescimento contínuo de área e produção de algodão no Brasil.
Sara Lane – sara.silva@safras.com.br (Safras News)
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