Porto Alegre, 25 de abril de 2025 – A segunda safra 2024/25 de feijão carioca mostra bons sinais nos campos, mas o mercado segue com baixa atividade e incertezas. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a semana começou com maior oferta, mas as negociações foram moderadas devido a estoques pré-feriado e a necessidade de escoamento urgente. A demanda defensiva e a seletividade nas compras resultaram em queda nos preços, principalmente para grãos comerciais e intermediários.
Feijões com defeitos foram negociados entre R$ 125 e R$ 130/sc CIF SP, enquanto notas 7,5 ficaram em torno de R$ 180/sc. Cultivares Dama nota 8,5 tiveram negócios entre R$ 255 e R$ 260/sc CIF SP, e sementes Dama nota 8 entre R$ 220 e R$ 225/sc. Feijões extra nota 9,5 seguiram com oferta limitada e preços estáveis, sustentados pela escassez.
“A colheita no Paraná já alcançou 10% da área e começou a impactar os negócios paulistas. A liquidez caiu ao longo da semana, inclusive em dias de maior movimento como quarta-feira, refletindo a estratégia de vendedores em controlar a oferta e de compradores esperando preços mais baixos no futuro”, relatou o analista.
De acordo com Oliveira, rumores sobre grãos extra 9,5 entre R$ 295 e R$ 300/sc surgiram, mas sem confirmação de qualidade. Grãos nota 7 e 7,5 passaram a ser negociados entre R$ 160 e R$ 170/sc CIF SP, confirmando a tendência de queda para os intermediários. No interior, o preço dos extra 9,5 se manteve entre R$ 265 e R$ 270/sc FOB Noroeste de Minas e R$ 260 a R$ 265/sc FOB Leste Goiano, sustentados pela escassez.
No final da semana, conforme o analista, o mercado estava estagnado, com cotações apenas nominais e pouca movimentação. “O foco se voltou para as próximas semanas, com expectativa de maior entrada de produto e possível ajuste nos preços, especialmente para os comerciais, que podem sofrer novas quedas. A dinâmica dependerá das ações dos compradores e da indústria na definição dos preços diante da nova oferta”, destacou.
Feijão preto
O mercado de feijão preto permaneceu praticamente parado ao longo da semana, com liquidez mínima e falta de referências claras. O feriado de Tiradentes agravou a já reduzida movimentação, especialmente pela perda das tradicionais negociações das segundas-feiras. Apesar do avanço da colheita da segunda safra 2024/25 no Paraná (10%) e no Rio Grande do Sul (15%-20%), a oferta não gerou maior dinamismo devido ao fraco consumo interno e à falta de tração nas exportações.
Oliveira apontou que os produtores enfrentam dificuldades para escoar a produção e têm recorrido à retenção, mesmo com preços abaixo dos custos há semanas. As cotações seguem nominais, refletindo a apatia do setor comprador, que espera quedas adicionais nos preços.
Os preços para grãos intermediários Tipo 1 variam entre R$ 155 e R$ 160/sc FOB Curitiba, enquanto no sul do Paraná, produtos de qualidade inferior chegam a ser sugeridos a R$ 145/sc FOB. Nas regiões produtoras, grãos fracos a intermediários negociam entre R$ 135 e R$ 145/sc FOB. O grão extra mantém relativa estabilidade entre R$ 200 e R$ 205/sc CIF SP, mas com volume muito baixo.
“A falta de diferenciação nos padrões de qualidade e o baixo fluxo de amostras dificultam a definição de parâmetros comerciais. Com isso, o setor segue em espera, com poucos negócios pontuais e sem impacto relevante”, afirmou o analista. Ele também indicou que mesmo com o preço do varejo próximo a R$ 5,00/kg, a demanda não reage, o que alimenta discussões sobre a necessidade de intervenção pública, já que os preços continuam próximos do piso oficial de R$ 150/sc.
O também consultor apontou, por fim, que o mercado continua sem tração, dependendo da evolução da colheita e da resposta da demanda. “A entrada de novos lotes poderá ajustar as referências de preço, mas o ambiente segue marcado pela estagnação e incerteza”, completou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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