Retração da demanda interna e das cotações em NY pressionam algodão

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     Porto Alegre, 27 de março de 2020 – Os preços domésticos do algodão encerram a semana com leve queda, sentindo os efeitos da redução da demanda interna por conta das medidas adotadas para frear a disseminação do coronavírus no Brasil e da forte retração das cotações internacionais.

     No CIF de São Paulo, a indicação média ficou em R$ 2,86 por libra-peso nesta quinta-feira (26), recuando 0,35% em relação à semana passada. Comparado ao mesmo período do mês passado, ainda conta com alta de 1,06%. Frente à igual momento do ano passado, apresenta queda de 1,02%.

     No FOB exportação do porto de Santos, no fechamento do mercado na quinta-feira (26), a indicação era de 58,23 cents de dólar por libra-peso, acumulando alta de 0,8% em relação ao fechamento da semana anterior e recuando 10,2% e 25,4% quando se comparada à igual momento do mês e do ano passado, respectivamente. Comparado ao contrato spot negociado na Ice Futures, a pluma brasileira é cotada a um valor 10,3% superior. Há uma semana, era 7,6% e, há um mês, 3,8% superior, o que mostra que o produto nacional vem perdendo competitividade externa.

     Conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, é interessante notar que desde o último dia 19 o mercado nacional operava em alta, respondendo à uma situação de escassez de oferta nacional de pluma de alto padrão. “A partir dessa quarta semana, no entanto, as indústrias saíram do mercado e muitas decidiram parar as operações até que se tenha uma definição em relação ao controle do coronavírus no Brasil”, explica.

     De imediato, com a quarentena adotada em praticamente todo o país, a demanda por têxteis reduziu. “Além disso, ainda é difícil saber quanto tempo o país levará para controlar o coronavírus, mas o que é um consenso entre os analistas é que os efeitos sobre a economia serão bastante danosos”, pondera. “Com isso, é possível que o consumo nacional de algodão, que vinha recuperando lentamente depois da recessão dos anos 2015 e 2016, sofra uma nova retração”, prevê.

     Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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