Porto Alegre, 27 de dezembro de 2024 – O ano de 2024 marcou uma importante retomada para a suinocultura brasileira, com o retorno da lucratividade em toda a cadeia produtiva. Apesar de um início de ano desafiador, com preços do suíno vivo e da carcaça em patamares inferiores aos de 2023, o cenário começou a mudar ao longo do ano, impulsionado por fatores internos e externos.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Allan Maia, o setor sofreu com efeitos sazonais na demanda interna, como maiores despesas das famílias, temperaturas elevadas e outros. “Contudo, o custo de produção recuou no período, com a queda do milho principalmente, favorecendo a relação de troca do quilo vivo com insumos, possibilitando um avanço das margens”, pontuou.
No segundo semestre, os preços do suíno vivo dispararam na região Centro-Sul, alcançando o ápice no início de dezembro. Essa valorização foi sustentada por uma série de variáveis: equilíbrio na produção, com abates moderados e peso médio dos animais em níveis adequados; crescimento do consumo interno, impulsionado pela recuperação da renda, queda do desemprego e altas nos preços da carne bovina; além de um desempenho recorde nas exportações.
Maia explica que a oferta interna ajustada e a necessidade de ampliação de compras por parte das indústrias para o atendimento da exportação favoreceram a formação de preços no interior do país. “Os preços da tonelada exportada em dólar apresentaram recuperação ao longo do ano. O real apresentou forte desvalorização, o que beneficiou o fluxo de embarques e o nível de receita na conversão”, disse.
“Quanto a exportação, um fato importante é que as Filipinas devem ultrapassar a China como o maior importador da carne suína brasileira, com os dados de dezembro. O Brasil fez o dever de casa, conseguindo diversificar vendas, diminuindo riscos futuros. Houve ampliação de exportações para o Japão, país que paga bem pela tonelada, houve estreitamento de laços com o México e Coreia do Sul, o que pode trazer bons frutos à frente”, destacou o analista.
Na reta final de 2024, o mercado apresentou uma leve desaceleração, com preços do suíno vivo e da carne no atacado em queda. Esse movimento refletiu fatores como o avanço do volume de animais prontos para abate, diminuição da necessidade de compras pelos frigoríficos e o posicionamento das redes varejistas para as festividades de fim de ano, o que impacta a reposição. Ainda assim, os níveis permanecem relativamente altos em comparação ao histórico anual, consolidando 2024 como um ano positivo para a suinocultura brasileira.
Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Safras News
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