São Paulo, SP – A Raízen divulgou o balanço quarto trimestre e ano-safra 2024/25, com prejuízo líquido de R$ 2,513 bilhões, valor superior ao prejuízo líquido de R$ 878 milhões registrado no mesmo período da safra anterior. Já o prejuízo líquido do ano-safra 2024/25 foi de R$ 4,177 bilhões, revertendo o lucro líquido de R$ 614 milhões registrado no mesmo período da safra 2023/24.
Segundo a companhia, o resultado reflete desafios operacionais, efeitos não recorrentes, principalmente relacionados à revisão da estratégia de atuação em Trading; aumento das despesas financeiras, e constituição de provisão para não realização de tributos diferidos (R$ 900 milhões em 2024-25).
O Ebitda ajustado foi de R$ 10,820 bilhões, queda de 25,9% na comparação anual. A companhia explicou que a queda no Ebitda tem origem nos menores volumes comercializados de combustíveis e de açúcar próprio, além da menor contribuição das operações de Trading, que pressionaram as margens operacionais.
“Importante destacar que a base de comparação (202324) foi favorecida por créditos fiscais, margens mais elevadas em combustíveis e maior volume produzido e vendido de açúcar e bioenergia”, explicou a Raízen.
A receita líquida foi de R$ 255,268 bilhões no ano-safra, alta de 15,8% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Açúcar – A redução nos volumes do trimestre e do ano reflete a estratégia de alocação dos embarques ao longo da safra e a menor disponibilidade de produto próprio para venda. Os preços próprios realizados no trimestre e no
ano se mantiveram em linha com as fixações (hedge) contratadas. Já os preços Raízen, que incorporam as margens da operação de revenda e comercialização, foram inferiores na comparação trimestral e anual em decorrência da menor contribuição das operações de Trading.
Etanol – Menor concentração de vendas no trimestre em linha com a mudança na estratégia de comercialização da Companhia que, no ano passado, concentrou as vendas dos volumes próprios no final da safra. No ano, a expansão
das vendas está associada ao maior mix e produção, além das melhores oportunidades de mercado. O aumento dos preços do trimestre e do ano, tanto próprio quanto Raízen, foi sustentado pela maior competitividade do etanol frente à gasolina no mercado doméstico, impulsionando a demanda e elevando sua participação no Ciclo Otto, compensando o menor volume exportado na safra.
Bioenergia Redução no volume cogerado no trimestre e no ano, em decorrência da menor disponibilidade de biomassa. A evolução do preço no trimestre reflete o baixo desempenho das chuvas em fevereiro e março de 2025,
impactando o preço spot (PLD). No ano, contudo, os preços foram impactados pelo término de contratos via leilões no mercado regulado, que passou de 72% na safra anterior para 58% nesta safra, e pela predominância de preços spot mais baixos ao longo do ano-safra.
INVESTIMENTOS ANO-SAFRA 2025-26
A companhia também divulgou seu Plano Operacional e de Investimentos para o ano-safra 2025-26, que iniciou em 1º de abril de 2025 e se encerará em 31 de março de 2026. O Capex total previsto para o período ficará entre R$ 9 bilhões e R$ 9,8 bilhões, redução em relação aos R$ 11,9 bilhões realizados no ano-safra 2024-25. Deste valor, entre R$ 7 bilhões e R$ 7,5 bilhões serão destinados a investimentos recorrentes, e entre R$ 2 bilhões e R$ 2,3 bilhões para projetos de expansão.
A companhia projeta ganhos de eficiência estimados em R$ 500 milhões para o período, resultado da redução e otimização das estruturas corporativas e operacionais. No segmento de Etanol, Açúcar e Bioenergia (EAB), a empresa estima processar entre 72 e 75 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, já descontando aproximadamente 2,5 milhões de toneladas referentes a ativos desinvestidos em novembro de 2024 e maio de 2025.
O plano prevê também e redução e otimização das estruturas corporativas e operacionais, com benefício aproximado de R$ 500 milhões no ano (nominal), impactando o EBITDA dos segmentos. A estimativa de processamento entre 72 e 75 milhões/tons de cana de açúcar, já desconsiderando o equivalente a aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de cana que foram desinvestidas, conforme anunciado em 12 de novembro de 2024 e 12 de maio de 2025.
A companhia apontou ainda melhora da qualidade da cana, possibilitando expansão da produção de açúcar, com mix estimado entre 52% e 54%, capturando melhor rentabilidade, e redefinição do perímetro de atuação, visando maximizar o valor do açúcar próprio e do posicionamento integrado na cadeia do etanol, reduzindo a demanda por capital de giro, a volatilidade nos resultados e a exposição ao risco.
Para a distribuição de combustíveis no Brasil, a previsão é um crescimento entre 2% e 3% em comparação com a safra 2024-25, reforçando a presença da rede Shell, priorizando a implementação da Oferta Integrada em regiões estratégicas (eficiência logística). A expectativa é manter o nível de margem EBITDA Ajustada Normalizada da safra 2024-25. Na Argentina, a previsão é a manutenção do ritmo de expansão, reforçando a presença da rede Shell no país, e estabilidade do nível de margem EBITDA Ajustada (em USD) da safra 202425.
Emerson Lopes – emerson.lopes@cma.com.br (Safras News)
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